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    Mulher sobreviveu a ataque do Hamas com um aspirador de pó e um rolo de massa

    Pessoas relataram à CNN como tiveram que se esconder atrás de arbustos ou debaixo de corpos sem vida para tentar sobreviver ao ataque surpresa no fim de semana do grupo radical islâmico contra Israel

    Tara Subramaniamda CNN

    Uma mulher israelense e sua filha sobreviveram ao cerco de 12 horas do Hamas em seu kibutz no fim de semana usando um aspirador de pó e um rolo de massa para bloquear a entrada de um quarto seguro.

    A história delas é apenas uma dentre as diversas histórias de sobrevivência contra todas as probabilidades que surgiram após o ataque surpresa no fim de semana do grupo radical islâmico contra Israel. Outras pessoas relataram à CNN como tiveram que se esconder atrás de arbustos ou debaixo de corpos sem vida para tentar sobreviver.

    Irit Lahav, residente do kibutz (comunidades agrícolas de Israel) Nir Oz, contou que quando soube dos combatentes do Hamas atacando sua comunidade no sábado (7), ela e sua filha se refugiaram em um quarto seguro da casa, como se fosse “um bombardeio normal”, com os quais “estamos acostumadas há anos e anos”.

    No entanto, ela logo percebeu que o quarto, usado anteriormente como abrigo antiaéreo, estava mal equipado para impedir a entrada do avanço dos radicais: a porta nem sequer tinha fechadura.

    Todos os edifícios israelenses erguidos depois de 1993 são obrigados a ter quartos que servem de abrigo antiaéreo – salas reforçadas com paredes de concreto e pesadas portas de aço.

    Mas essas salas seguras foram projetadas para resistir a ataques de foguetes, e não a incursões armadas. As portas são pesadas, mas não têm fechaduras, e nem deveriam poder ser trancadas, por razões de segurança.

    À medida que os combates estouravam ao seu redor, Lahav tentava contatar sua família e outros residentes do kibutz em busca de conselhos.

    “Em todos os lugares, tiros e granadas sem fim, sem fim, sem fim. Então estou tentando descobrir o que fazer. Será que eles vão arrombar a nossa porta? Como posso ter certeza de que está bloqueada? E comecei a enviar mensagens de texto e a ligar para as pessoas do kibutz sobre como trancar a porta, e ninguém sabia”, disse Lahav.

    A salvação veio de um lugar improvável. Seu irmão enviou uma foto de como ele havia trancado a porta “com dois cabos de vassoura”.

    “Pensei: não tenho vassouras. Como eu faria isso? Mas então me lembrei que tinha um rolo de massa e depois peguei meu aspirador Dyson”, disse Lahav. “É difícil imaginar, você sabe que vai morrer se eles invadirem. E eu estava amarrando essas coisas na porta. Apenas medo, medo, medo.”

    Foto que o irmão de Lahav enviou, mostrando que havia prendido a porta com cabos de vassoura para impedir a entrada dos radicias do Hamas. / CNN Internacional

    Enquanto montava a barricada improvisada, Lahav disse que podia ouvir vozes de homens gritando e “batendo em tudo”.

    “Não havia nada que pudéssemos fazer, exceto nos abraçarmos, minha filha e eu, debaixo da mesa, escondidas no escuro”, disse Lahav.

    “Começamos a dizer uma para a outra: ‘Eu te amo’. Minha filha diz: ‘Mãe, eu te amo, agradeço muito tudo que você fez por mim’. E eu disse a ela o quanto eu a amo. Achávamos que íamos morrer e eles ficavam batendo na porta tentando abrir. E eu tinha certeza de que, independentemente do que eu fizesse, o aspirador de pó e o rolo não aguentariam, mas eles aguentaram.”

    Lahav disse que ela e sua filha se sentiram sortudas quando, depois de “oito ou 10 minutos tentando, gritando e atirando em tudo”, os agressores deixaram sua casa. Mas o alívio durou pouco, pois mais combatentes regressaram aproximadamente uma hora depois, “tentando arrombar a porta” mais uma vez, disse ela.

    “Foi tão assustador”, disse Lahav à CNN. “Então, pela terceira vez, eles vieram. Foi como um pesadelo sem fim.”

    Lahav estima que 30% das pessoas que viviam no kibutz morreram ou foram sequestradas durante o ataque surpresa de sábado.

    O kibutz de Nir Oz foi um dos muitos que sofreram o impacto do ataque terrestre do Hamas.

    Os kibutzim (plural de kibutz) são anteriores à fundação de Israel, quando pequenos grupos de pessoas criaram comunidades baseadas na ideia de vida comunitária. Cerca de 125 mil pessoas vivem em aproximadamente 250 kibutzim em Israel, de acordo com a Agência Judaica para Israel.

    “Me cobri de gente morta”

    Os combatentes do Hamas também mataram a tiros e fizeram reféns participantes do festival de música eletrônica que acontecia no sábado, numa área rural perto da fronteira entre Gaza e Israel.

    Entre o público daquele dia estava o brasileiro Rafael Zimerman, que sobreviveu se escondendo em um bunker e se cobrindo com corpos para evitar ser detectado.

    Zimerman disse à CNN que ele e seus amigos inicialmente fugiram de uma chuva de foguetes e depois entraram em um carro que os levou a um bunker próximo, onde outras pessoas estavam escondidas.

    Ele estava perto da parte de trás do bunker, pois foi uma das primeiras das cerca de 50 pessoas a chegar lá, mas pôde ouvir a polícia lutando contra os agressores na entrada.

    Zimerman disse que a certa altura gás foi jogado dentro do bunker. “Com o gás, você não consegue respirar”, disse ele. “É impossível respirar depois de 30 segundos.”

    Depois do gás, os radicais entraram no bunker e começaram a atirar e lançar granadas.

    “Acabei me cobrindo de gente morta, muita gente morta”, disse ele. “Então eu fiquei lá dentro por horas, só esperando a morte, sabe? Eu só queria morrer em paz porque sofri muito com o gás.”

    Zimerman, que foi ferido por estilhaços no ataque, disse que foi uma das seis pessoas que saíram vivas do bunker. “Eu sou um milagre. Sou um sobrevivente e devo estar feliz”, acrescentou Zimerman.

    Escondido nos arbustos

    Amir Ben Natan, outro frequentador do festival, sobreviveu ao se esconder dentro de um arbusto.

    Natan disse que decidiu não correr para o campo próximo, para onde muitas pessoas estavam fugindo. Essa decisão pode ter ajudado a salvar sua vida, já que um vídeo obtido pela CNN mostra que vários dos que correram para o campo foram posteriormente baleados.

    “Vi um arbusto do meu lado esquerdo e pensei que talvez pudesse me esconder ali, e decidi que era a melhor opção, então entrei nesse arbusto”, disse Natan.

    “Cerca de uma hora depois, dois policiais chegaram e eu estava lá com algumas outras pessoas e os policiais nos disseram para sairmos de lá”, acrescentou Natan.

    “Não me sentia seguro, então logo depois resolvi me esconder novamente em outra planta. Enquanto eu estava no segundo arbusto, ouvi barulho de guerra lá fora. Eu sabia que a qualquer momento uma bala, uma granada ou algo assim poderia cair sobre mim. E então, depois de um tempo, houve silêncio e eu ouvi os terroristas conversando ali perto e apenas rezei para que eles não nos descobrissem.”

    As equipes de resgate israelenses contaram cerca de 260 corpos mortos perto do local do festival de música eletrônica após o massacre.

    Veja também: Diplomatas acreditam que brasileira desaparecida esteja entre reféns do Hamas

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