Motorista não se desculpou, diz filho de brasileiro morto na Argentina
Pai de Gabriel Amorim foi atropelado enquanto passava férias em Buenos Aires


Foi necessária uma espera de 28 dias para que o professor de física paulistano Gabriel Amorim pudesse enterrar seu pai, Fernando Pereira de Amorim Junior, 62 anos, que morreu atropelado no dia 1º de janeiro na Argentina.
No último domingo, o corpo do empresário brasileiro foi repatriado para o Brasil, após ele ter sido atingido em cheio por um carro, ao lado da esposa, Cleusa Adriana Nunes Pombo, 50, quando esperavam para atravessar a rua no bairro da Recoleta, durante uma viagem de férias em Buenos Aires.
Apesar da realização da cerimônia ajudar a família na sensação de encerramento, Amorim disse à CNN estar sentindo indignação pela falta de retratação de Patricia Scheuer, atriz e empresária portenha que dirigia o carro que atingiu o casal.
Segundo Amorim, a argentina não o procurou para oferecer ajuda e “muito menos para um pedido de desculpas”.
“Ela atropelou meu pai, matou meu pai e não chegou nenhuma mensagem para a gente, nenhum tipo de retratação. Isso também nos machuca bastante”, afirma ele, que passou oito dias em Buenos Aires para os procedimentos legais para a liberação do corpo do pai.
A reportagem entrou em contato com o advogado de Scheuer para comentar a afirmação, mas não obteve retorno.
Atropelamento de brasileiros
Imagens de uma câmera de trânsito mostram o momento em que o carro de Scheuer sobe na calçada da Avenida Libertador, na Recoleta, e atinge o casal brasileiro. O impacto jogou Cleusa para o lado, mas Amorim Junior acabou arrastado, terminou embaixo do carro e morreu no local.
Ela foi internada com politraumatismo, passou por terapia intensiva e foi repatriada sanitariamente nesta quinta-feira (31) para continuar com sua recuperação no Brasil. Segundo a advogada da família, parte dos custos do traslado foram pagos com a arrecadação de uma vaquinha realizada pela comunidade brasileira na Argentina e no próprio Brasil.
Já o filho de Amorim afirma que a demora “aflitiva” para que o corpo do pai pudesse ser enviado ao Brasil, provocada em boa parte pelo recesso na administração pública do país, fez com que o velório tivesse que ser realizado às pressas.
No depoimento à Justiça, Scheuer afirmou lembrar de ter visto um Museu Nacional de Belas Artes, localizado metros antes do local do atropelamento, e de, momentos depois, ver que seu para-brisas tinha quebrado e de ser alertada por um transeunte de que havia uma pessoa abaixo do carro. Mas a empresária disse não ter memória do momento do acidente.
Com teste de bafômetro negativo, ela revelou à Justiça o uso de medicamentos. A empresária chegou a ser detida, mas após prestar depoimento, foi solta e agora responde ao indiciamento por homicídio culposo e lesões graves em liberdade.
Agora, as expectativas recaem sobre a perícia do celular, que poderia determinar se Scheuer estava usando o aparelho momentos antes do atropelamento.
Amorim diz que seu objetivo é que o processo ocorra de maneira “séria”: “meu objetivo é que tudo seja investigado até o final para entender o que aconteceu de uma maneira coerente, e que a justiça seja feita de maneira honesta e correta. Levar um processo criminal fora do país é desgastante, mas isso é o que me move”, conclui.