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    Morre Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal, aos 81 anos

    Sampaio confrontou parlamentarismo e utilizou de cargo presidencial para derrubar um governo de maioria instável em 2005

    Reuters

    O ex-presidente português Jorge Sampaio, que fez história em 2005 com um uso extraordinário dos seus poderes para dissolver parlamentos e derrubar um governo de maioria instável, faleceu nesta sexta-feira (10) aos 81 anos.

    A causa da morte não foi divulgada, embora Sampaio estivesse internado desde 27 de agosto com dificuldades respiratórias.

    Depois de um primeiro mandato sem intercorrências em 1996-2001, o afável ex-advogado socialista conquistou outro mandato de cinco anos que se revelou mais turbulento e mostrou a força dos poderes presidenciais.

    Com o déficit orçamentário aumentando e Portugal oscilando à beira da recessão, os socialistas perderam uma eleição parlamentar repentina em 2002 para uma coalizão de centro-direita dos socialdemocratas e do partido popular.

    Em 2004, a recusa de Sampaio em realizar eleições antecipadas depois que José Manuel Durão Barroso renunciou ao cargo de primeiro-ministro para liderar a Comissão Europeia desencadeou protestos ferozes de partidos de esquerda, incluindo os socialistas.

    Na tentativa de garantir a estabilidade política, nomeou outro social-democrata, Pedro Santana Lopes, como primeiro-ministro, apenas para concluir quatro meses depois que o novo gabinete não estava alcançando os resultados desejados e carecia de credibilidade geral.

    Ele usou seus poderes presidenciais, muitas vezes apelidados de “bomba atômica” em Portugal, para quebrar o parlamento e convocar novas eleições para fevereiro de 2005, o que trouxe os socialistas de volta ao comando sob o primeiro-ministro José Sócrates.

    Na sua biografia, Sampaio disse ao autor, José Pedro Castanheira, que estava “farto de Santana Lopes como primeiro-ministro porque estava a deixar o país à deriva”.

    Ele foi o único presidente a ter usado esse poder enquanto um governo com maioria parlamentar governava Portugal.

    Jorge Fernando Branco de Sampaio nasceu numa família liberal de classe média em Lisboa. Quando criança, morou com os pais nos Estados Unidos, onde seu pai estudou saúde pública e mais tarde na Inglaterra. Ele falava inglês fluentemente.

    Estudou Direito na Universidade de Lisboa e na década de 1960 o advogado ruivo e de óculos ganhou destaque na defesa dos presos políticos do regime fascista de António Salazar.

    Sampaio tornou-se politicamente ativo pela primeira vez na oposição clandestina de esquerda. Após a revolução de 1974 que trouxe a democracia a Portugal, fundou o Movimento de Esquerda Socialista, mas logo abandonou o projeto e em 1978 ingressou no Partido Socialista, tornando-se seu Secretário-Geral em 1989.

    Foi prefeito de Lisboa em 1990-1995, abandonando o segundo mandato para se candidatar à presidência nas eleições de janeiro de 1996, vencidas no primeiro turno com quase 54% dos votos.

    Como presidente, supervisionou a transferência do antigo território português de Macau para a China em 1999.

    Torcedor fervoroso do Sporting, Sampaio teve dois filhos com a segunda mulher Maria José Rita.

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