Morre adolescente iraniana que teria sido agredida pela polícia da moralidade
Caso aconteceu poucas semanas após o Irã ter aprovado uma legislação que impõe penas muito mais severas às mulheres que violam regras de utilização do hijab do país
![Ativistas de direitos humanos dizem que Armita Geravand foi espancada pela polícia no Irã. Ativistas de direitos humanos dizem que Armita Geravand foi espancada pela polícia no Irã.](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2023/10/cnn-L19jb21wb25lbnRzL2ltYWdlL2luc3RhbmNlcy9sZWRlLWNmNDc4NWVhZjczZmEwY2VlMWIzMDVhZDVhZDIxYjZm-L19wYWdlcy9oXzYyZmU4NDY1NTI2OThkMzkyYzczOTcyZjJhYWMzZDdi.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
Uma adolescente iraniana que entrou em coma após ter sido supostamente agredida pela polícia da moralidade do país por não usar hijab, uma espécie de lenço na cabeça, morreu, segundo a imprensa estatal iraniana.
“Infelizmente, o dano cerebral fez com que a vítima passasse algum tempo em coma e ela morreu há poucos minutos”, disse o comunicado da IRNA.
Armita Geravand, de 16 anos, foi hospitalizada com ferimentos na cabeça após suposto ataque em uma estação de metro em Teerã no início deste mês, segundo ativistas.
O caso aconteceu poucas semanas depois de o Irã ter aprovado uma legislação que impõe penas muito mais severas às mulheres que violam as já rigorosas regras de utilização do hijab do país.
No início de outubro, a Organização Hengaw para os Direitos Humanos, com sede na Noruega, que se concentra nos direitos curdos, afirmou que Geravand foi “agredida” pela polícia da moralidade e entrou em coma.
Outra rede de oposição, a IranWire, pontuou que ela foi internada com “traumatismo craniano”.
Awyer Shekhi, funcionária da Hengaw, ressaltou anteriormente à CNN que policiais mulheres da moralidade abordaram Geravand perto da estação de metrô Shohada e pediram que ela ajustasse seu hijab.
“Este pedido resultou em uma altercação com os policiais da moralidade, que agrediram fisicamente Geravand. Ela foi empurrada, levando ao seu colapso”, disse Shekhi.
A CNN não conseguiu verificar as informações publicadas por Hengaw e Iranwire de forma independente, organizações que no passado cobriram extensivamente os protestos iranianos.
As autoridades iranianas negaram as acusações, alegando que Geravand foi hospitalizada devido a um ferimento causado por pressão arterial baixa.
Os amigos e familiares da jovem repetiram essa informação em entrevistas a meios de comunicação estatais, embora não esteja claro se foram coagidos a isso.
Funcionários da ONU e grupos de direitos humanos acusaram anteriormente as autoridades iranianas de pressionarem as famílias dos manifestantes mortos a fazerem declarações de apoio à narrativa do governo.
O Parlamento do Irã aprovou em setembro a chamada “lei do hijab” sobre o uso de vestuário, que, se violado, pode levar até 10 anos de prisão, após o primeiro aniversário dos protestos em massa desencadeados pela morte de Mahsa Amini.
Amini, uma mulher curda-iraniana de 22 anos, morreu em setembro do ano passado após ter sido detida pela polícia da moralidade do regime, supostamente por não respeitar o código de vestimenta conservador do país.