Moradores de Beirute são surpreendidos por novos ataques de Israel
Desta vez, não houve ordem de retirada das residências antes que o bombardeio começasse
Três explosões abalaram o sul de Beirute vinte minutos antes da meia-noite no horário local. Uma densa fumaça rapidamente obscureceu as luzes nas montanhas acima, se espalhando pelo coração da cidade.
Mais uma noite de ataques aéreos começou.
Diferente da noite de segunda-feira (1º), não houve avisos do porta-voz árabe das Forças Armadas israelenses recomendando que as pessoas deixassem a área.
Quarenta minutos depois, da posição da CNN no topo de um edifício no oeste de Beirute, um estalo e uma explosão aguda puderam ser ouvidos. Desta vez, não foi em Dahiyeh — os subúrbios do sul onde o Hezbollah tem uma grande presença. Foi no bairro de Bashoura, no coração de Beirute, uma área que não era atingida desde a guerra de 2006.
Fica logo na rua do escritório da CNN em Beirute, um bairro operário movimentado ao lado de um antigo cemitério. É uma área onde parte da população de mais de um milhão de pessoas que fugiram de bombardeios em outras regiões buscou refúgio, na esperança de que fosse segura.
O bairro também fica próximo ao que é conhecido como a Estrada do Anel, uma rodovia de quatro faixas que liga o leste e o oeste de Beirute.
A CNN recebe relatos de que o ataque fez pessoas aterrorizadas correrem para as ruas, fugindo da área. O Ministério da Saúde libanês reporta um número preliminar de seis mortos, com sete feridos.
Então, veio outra explosão forte, desta vez nos subúrbios do sul. E outra explosão.
Vai ser mais uma longa noite em Beirute.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas. No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, segue escondido em túneis na Faixa de Gaza, onde também estariam em cativeiro dezenas de israelenses sequestrados pelo Hamas.