Míssil do Iêmen atinge centro de Israel
Área é normalmente livre de ataques de projéteis inimigos
Os Houthis, do Iêmen, dispararam um míssil contra o centro de Israel na manhã deste domingo (15), algo raro no território do país desde o início da guerra em Gaza.
O projétil atravessou o território israelense e caiu em uma área aberta no centro de Israel, sem relatos de feridos, segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI). Os sons de explosão ouvidos na área originaram-se de interceptações militares israelenses, também de acordo com as FDI, acrescentando que ainda está verificando “os resultados da interceptação”.
Vídeos e imagens compartilhados pela Autoridade de Bombeiros e Resgate de Israel no Telegram mostram grandes nuvens de fumaça e vidros quebrados dentro de uma estação de trem em Modi’in, cidade entre Tel Aviv e Jerusalém.
O porta-voz militar dos Houthis confirmou o ataque em uma declaração em vídeo neste domingo, alegando que o grupo usou um “novo míssil balístico hipersônico” em um ataque contra o território israelense.
Segundo o porta-voz, Israel não conseguiu interceptar o míssil, que percorreu aproximadamente 2 mil quilômetros em cerca de 11 minutos.
Ele acrescentou que Israel deveria esperar mais ataques, visto que o ataque de 7 de outubro pelo Hamas está quase marcando um ano.
A polícia israelense disse estar trabalhando com o esquadrão anti-bomba da polícia na área de Shfela, onde um fragmento de interceptador caiu. As autoridades estão isolando o local do impacto no momento e procurando por demais restos de interceptadores, declarou a polícia.
Sirenes soaram no centro e norte de Israel, disseram os militares, bem como no aeroporto de Tel Aviv, afirmou o porta-voz do aeroporto à CNN. Vídeos nas redes sociais mostraram passageiros correndo em busca de abrigo.
Ainda na manhã deste domingo, aproximadamente 40 projéteis foram lançados do Líbano contra a região norte de Israel, alguns deles interceptados e outros caindo em áreas abertas, conforme as FDI. Não houve relatos de feridos e as autoridades estão apagando incêndios causados pelos projéteis caídos.
Os militares acrescentaram que um drone explosivo atravessou do Líbano para a cidade de Metula, no norte, embora nenhum dano tenha sido causado.
Enquanto isso, as FDI abriram uma investigação após relatos de que panfletos foram lançados no sul do Líbano alertando os civis para saírem.
Os panfletos, escritos em árabe e encontrados na área de Wazzani, uma aldeia a poucos quilômetros da fronteira com Israel, diziam aos residentes que o Hezbollah estava realizando disparos do local e que eles “não deveriam voltar a esta área até ao final da guerra”.
As FDI disseram em comunicado neste domingo que a distribuição de panfletos foi “uma iniciativa independente da 769ª Brigada do Comando Norte” e não foi aprovada pelo alto comando das FDI.
Possibilidade de escalada
As tensões entre Israel, o Iêmen e o Líbano têm aumentado durante meses, simultaneamente com a guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, após os ataques do grupo em 7 de outubro. Os líderes mundiais têm alertado para a possibilidade de um conflito mais amplo no Oriente Médio.
Desde o início da guerra, o grupo Houthis, apoiado pelo Irã, que controla as regiões mais populosas do Iêmen, tem regularmente atacado Israel com drones e mísseis. A maioria deles foi interceptada pelas defesas de Israel ou dos seus aliados.
O grupo também tem como alvo o transporte marítimo no Mar Vermelho, como uma rejeição à campanha militar de Israel em Gaza.
Mais notavelmente em julho, o grupo assumiu a responsabilidade por um ataque de drones mortal em Tel Aviv, o centro comercial de Israel – e a primeira vez que a cidade foi atingida por um drone dos Houthis.
Israel revidou no dia seguinte com ataques aéreos mortais em um porto do Iêmen – o primeiro ataque desse tipo no Iêmen, segundo autoridades israelenses.
O grupo Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, também realizou ataques no norte de Israel, enviando foguetes e drones no sábado (14) contra instalações militares israelenses.
Estes ataques diretos nos territórios uns dos outros levantaram um alarme de que poderia haver uma nova frente no conflito, que já ameaça se espalhar por toda a região.
Israel lançou a sua guerra em Gaza após os ataques transfronteiriços do Hamas em 7 de outubro, nos quais mais de 1200 israelenses foram mortos e 250 levados como reféns, segundo as autoridades do país.
Desde então, mais de 40 mil palestinos foram mortos nas operações militares de Israel em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave. O Ministério não faz distinção entre combatentes e civis nos seus números, mas afirma que a maioria das vítimas são mulheres e crianças.
Quase toda a população de Gaza foi deslocada em meio à nova ofensiva israelense