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    Mísseis hipersônicos seriam resposta ao apoio do Ocidente à Ucrânia, diz professora

    Especialista da Escola Superior de Guerra explicou, em entrevista à CNN, diferenças do artefato; este seria o primeiro uso conhecido de material hipersônico em combate

    Juliana AlvesRenata Souzada CNN

    em São Paulo

    Segundo autoridades dos Estados Unidos, a Rússia utilizou pela primeira vez mísseis hipersônicos durante os confrontos na Ucrânia na semana passada. Em entrevista à CNN, a professora da Escola Superior de Guerra Mariana Kalil avalia a ação como uma resposta de Vladimir Putin ao apoio do Ocidente aos ucranianos.

    “Me parece ser uma resposta russa ao apoio militar que tem sido oferecido pelo Ocidente à Ucrânia, que tem ampliado a possibilidade de defesa da Ucrânia em relação ao tipo de armamento que a Rússia está usando na guerra”, disse a especialista.

    Além da demonstração de força, o uso dos mísseis hipersônicos poderia ser um teste desse tipo de material, disseram fontes à CNN. Isso porque, essa seria a primeira vez que tem-se conhecimento do uso de tais artefatos em combate.

    “A grande diferença dos mísseis hipersônicos em relação a outros mísseis não é só a velocidade, que já dificultaria a detecção desses mísseis, mas também a possibilidade de mudar a trajetória desses mísseis quando eles já estão voando”, explicou Mariana.

    Ainda em relação às estratégias militares utilizadas, a Rússia voltou a acusar os EUA de financiar o desenvolvimento de armas químicas na Ucrânia. Não é a primeira vez que o Conselho de Segurança da ONU discute o tema, embora Ucrânia e Estados Unidos neguem a afirmação.

    “Durante a guerra, a gente nunca sabe exatamente o que está acontecendo em campo. Então a gente não pode, com certeza absoluta, dizer que não há armas de destruição em massa, químicas e biológicas, dentro da Ucrânia, porque a gente não tem aí confirmação verossímil por parte da própria Ucrânia”, avaliou a professora.

    24º dia de guerra

    Neste sábado (19) completam-se 24 dias desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. Para Mariana Kalil, apesar de ser esperado que durante uma guerra as táticas sejam alteradas, o conflito iniciado por Putin é, principalmente, “híbrido”.

    “Em geral, como eu vejo a estratégia do Putin, é como uma estratégia de guerra híbrida, ou seja, uma estratégia que junta guerra convencional, com guerra cibernética, com guerra da informação e com guerra irregular.”

    Já do lado ucraniano, a especialista acredita que a estratégia utilizada possa ter consequências negativas no longo prazo. Segundo Mariana, a presença de civis e grupos paramilitares nos confrontos pode acabar ajudando na fragmentação da Ucrânia, enquanto Estado.

    “Putin está usando a pressão do Ocidente contra o próprio Ocidente. Então, quanto mais o Ocidente armar a Ucrânia, mais o Putin está ganhando na mesa de negociação”, disse. E acrescentou: “teria a opção de armar as forças armadas da Ucrânia, não os cidadãos, não as forças paramilitares, mas, na prática, isso significaria perder a guerra mais rápido”.