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    Milhões vão às urnas decidir formação do Parlamento Europeu

    Pesquisas de opinião projetam avanço inédito da extrema-direita no bloco

    Philip BlenkinsopKate Abnettda Reuters

    Eleitores de toda a Europa votaram neste domingo (9) para a eleição do Parlamento Europeu, que provavelmente levará a assembleia a se posicionar mais à direita, aumentando o número de nacionalistas céticos em relação ao bloco.

    A provável mudança de posição significa que a assembleia pode se tornar menos comprometida em relação às políticas voltadas à mudança climática, ao mesmo tempo em que se mostra mais entusiasmada com as medidas para limitar a imigração para a União Europeia, um bloco formado por 450 milhões de cidadãos.

    A eleição também pode ampliar a fragmentação do parlamento, o que tornaria a aprovação de qualquer medida mais complicada e lenta, uma vez que o bloco europeu enfrenta desafios, como a hostilidade da Rússia e o aumento da rivalidade industrial entre China e os Estados Unidos.

    “Nem sempre concordo com as decisões que a Europa toma”, disse a aposentada Paule Richard, de 89 anos, após votar em Paris. “Mas ainda espero que haja um acerto de contas entre todos os países europeus, para que a Europa possa ser um bloco unificado e olhar para a mesma direção”.

    A votação começou na quinta-feira (6) na Holanda e prosseguiu para outros países na sexta-feira (7) e no sábado (8), porém a maior parte dos eleitores votou neste domingo (9), quando a França, Alemanha, Polônia e Espanha abrirão suas urnas e a Itália realizará o segundo dia de votações.

    O Parlamento Europeu é responsável por votar a legislação mais importante para os cidadãos e empresas da União Europeia, que é composta por 27 países.

    Contudo, há muitos anos, os eleitores de todo o bloco reclamam que a tomada de decisões da UE é complexa, distante e desconectada da realidade cotidiana, o que explica a baixa participação nessas eleições.

    “As pessoas não sabem quem realmente tem o poder, entre a Comissão e o Parlamento”, disse Emmanuel, outro eleitor francês, em uma seção eleitoral no norte de Paris. “E a verdade é que isso levanta questões e gera desconfiança, que hoje poderiam não existir se as coisas fossem mais claras”, disse o programador de 34 anos.

    As pesquisas de opinião projetam que o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, continuará sendo o maior grupo do Parlamento Europeu, o que garantiria um segundo mandato à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, da Alemanha.

    Porém, ela pode precisar do apoio de alguns nacionalistas de direita, como o partido Irmãos da Itália, da primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, para garantir uma maioria parlamentar, o que dará a Meloni e seus aliados mais influência.

    Boca de urna

    Uma projeção feita pelo instituto de pesquisas Europe Elects no domingo mostrou que o EPP poderia ganhar cinco cadeiras em comparação com a atual formação do parlamento, conquistando um total de 183 vagas. Os socialistas, que incluem o partido do chanceler alemão Olaf Scholz, devem perder quatro cadeiras e ficar com 136.

    O Partido Verde Europeu enfrenta uma rejeição por parte das famílias dos agricultores e da indústria devido às caras políticas da União Europeia que limitam as emissões de CO2 e, por isso, parece estar entre os grandes derrotados. A pesquisa deste domingo (9) indica que eles devem ter apenas 56 deputados, o que representa uma perda de 15 cadeiras no parlamento.

    As previsões relacionadas ao grupo liberal Renew Europe também são sombrias, dada a expectativa de que o partido de extrema direita Rassemblement National, da deputada Marine Le Pen, derrote o partido centrista Renaissance, do presidente francês Emmanuel Macron, na França.

    A pesquisa de domingo (9) indica que o grupo Renew perderá 13 cadeiras, prevendo que o partido terminará com 89 vagas.

    Em contrapartida, a pesquisa disse que o grupo nacional-conservador ECR provavelmente obteria mais cinco deputados, totalizando 73, e o grupo de extrema direita ID poderia obter mais oito assentos, totalizando 67.

    Segundo a pesquisa, mais deputados poderiam se juntar aos grupos de direita e de extrema-direita entre os deputados até agora não afiliados; Hoje, eles contabilizam 79 parlamentares.

    Volta da direita

    Atingidos pela inflação, inúmeros eleitores estão preocupados com a migração e o custos relacionados a transição ecológica. Além disso os eleitores demonstram estar incomodados com as tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia.

    Os partidos de extrema-direita e de direita aproveitaram disso e ofereceram ao eleitorado uma alternativa.

    “Quem acredita que precisamos de uma mudança de rumo e que as coisas podem ser feitas muito melhor em Bruxelas tem apenas uma alternativa, que é o Vox”, disse o principal candidato do partido espanhol de extrema direita, Jorge Buxade, após votar em Madri.

    Na Holanda, as pesquisas de boca de urna na quinta-feira (6) mostraram que o partido anti-imigração do nacionalista Geert Wilders deve conquistar sete dos 29 assentos holandeses na Parlamento da UE, após sua grande vitória nas eleições nacionais do ano passado.

    Em 2019 o partido não tinha conquistado nenhuma cadeira.

    Isso faz com que o Partido da Liberdade de Geert Wilders tenha apenas um assento a menos do que a aliança entre Socialistas Democratas e Partido Verde.

    Na Bélgica, Os eleitores também elegerão as câmaras federal e regional nesse domingo (9), e a previsão é de que o partido separatista flamengo de extrema direita, Vlaams Belang, terá um número recorde de votos, embora ainda possa ficar fora do poder devido a outros partidos.

     

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