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    Milei encerra campanha na Argentina com jingle em português, chuva de dólares e sugestão de vitória no 1° turno

    Ultradireitista candidato à Presidência do país promoveu grande comício na quarta-feira (18), em Buenos Aires

    Luciana Taddeocolaboração para a CNN , Buenos Aires

    O candidato da ultradireita favorito para vencer o primeiro turno das eleições presidenciais da Argentina no próximo domingo (22), Javier Milei, do partido A Liberdade Avança, encerrou sua campanha em Buenos Aires prometendo transformar seu país em uma “potência mundial”.

    Em ato na noite desta quarta-feira (18), Milei também afirmou que se mais argentinos forem às urnas, “é provável” que ganhe o pleito já no primeiro turno.

    “Não nos resignemos a que nada mude, a que sermos cada dia mais pobres”, disse o candidato em uma casa de shows da capital argentina, diante de um público majoritariamente jovem.

    Milei, que se define como anarcocapitalista, além de propor dolarizar a economia e extinguir o Banco Central, criticou afirmações de seus oponentes sobre o voto nele ser um salto no escuro: “De que salto no escuro vocês estão falando?”

    “Do salto no escuro de vocês, ladrões empobrecedores”, acusou, qualificando-se como um “outsider” que teve que entrar na política para que os políticos não continuassem “c*gando” na população, em suas próprias palavras.

    Veja também: Milei promete padrão europeu em 15 anos no primeiro debate presidencial da Argentina

    A noite foi regada por canções como “que saiam todos, que não fique nenhum”, muito usada na crise de 2001 contra os políticos, e “a casta tem medo”.

    Também houve, em diversos momentos, gritos do público conclamando uma vitória de Milei no primeiro turno, além de vaias e xingamentos ao presidente venezuelano Nicolás Maduro e a jornalistas, já que Milei acusa uma parte da imprensa local de receber dinheiro de políticos.

    Até um jingle em português brasileiro tomou conta do ambiente: “Ele vai pra cima, vai acabar com a inflação, vai privatizar, dolarizar a nação (…) é o Milei, é o Milei, presidente da Argentina, todos sabem que é o Milei”, dizia a canção, colocada no evento enquanto o público esperava por Milei.

    “Na hora de votar, Javier Milei, ‘la casta tiene miedo, arriba!’” (“a casta tem medo, para cima!”, em português), convocou a música, que também mencionou a má gestão e a corrupção na Argentina.

    O ultradireitista somente entrou em cena após a projeção de um vídeo com imagens de bombas, explosões, implosões e edifícios desabando.

    Para chegar ao palco, o candidato passou no meio do público, cercado de seguranças, ao som de um rock local que faz menção ao pânico gerado por um “leão”, um dos apelidos pelos quais Milei é conhecido. A música costuma abrir os atos do “libertário” e ser parodiada por ele com menção à proposta de destruir a casta política: “Olá a todos, eu sou o leão, rugiu a besta no meio da avenida. A casta correu, sem entender, ‘panic show’ a plena luz do dia (…) sou o rei e te devorarei; toda a casta é do meu apetite”.

    Enquanto o som tocava, um leão de fogo era projetado no telão. Os presentes, que encheram mas não lotaram o local, vibravam como em um show. Alguns deles, fantasiados de leão. Caso do eletricista Alejandro Llanes, de 32 anos, que veio da província de Santa Fé para o ato de Milei e estava muito suado pelo calor da fantasia.

    Apoiador pró-Milei Alejandro Llanes com sua fantasia de leão / CNN

    Quando questionado sobre o calor provocado pelo disfarce, afirmou: “Faz vinte anos que estamos sofrendo. Isso é só um pouco de calor”, disse ele, que passou a admirar Milei pela oposição do candidato à legalização do aborto.

    Llanes foi ao ato acompanhado de militantes que lotaram quatro ônibus, levando para Buenos Aires centenas de notas falsas de 100 dólares com a cara do candidato no centro. De tempos em tempos, o grupo jogava maços com as notas para o alto.

    “Acho que imprimimos quase a mesma quantidade que o [Sergio] Massa”, ironizou LLanes, em referência ao candidato e ministro da Economia do atual governo e à emissão monetária no país, que está imerso em uma inflação anual de quase 140%.

    Notas falsas com o rosto de Javier Milei durante campanha política na Argentina / CNN

    Outra atração no meio da multidão era um homem com uma peruca parecida ao cabelo sempre despenteado de Milei, olhos azuis e o formato do rosto similar ao do candidato, que posava para as fotos reproduzindo exatamente os gestos do direitista, com a cabeça baixa e polegares para cima.

    O sósia era Ariel Winner, motorista de ônibus há 14 anos, que recebeu pedidos de fotos durante toda a noite. Ele conta que, durante o dia de trabalho, fala com seus passageiros sobre política.

    “Sempre conversamos sobre a situação do país, e eu falo que não vou dizer em quem eles têm que votar, mas que darei uma dica, e coloco a mão no cabelo”, brinca.

    “Peruca” é outro apelido do candidato “libertário”.

    Motorista de ônibus Ariel Winner, que foi com uma peruca e pousou para fotos como sósia do Javier Milei durante evento do candidato à presidência /

    Hoje ganhando cerca de R$ 2 mil, valor que pode aumentar ou diminuir de acordo com as horas trabalhadas, Winner diz que tem que cortar muitos gastos para chegar no fim do mês.

    “Pedi empréstimo para o banco para pagar as contas e vou começar a levantar mais cedo para vender café e doce na porta do terminal de ônibus para ter uma rendinha extra”, ele conta, dizendo acreditar nas propostas de Milei para melhorar sua situação.

    As frases “make America great again”, que faz alusão à campanha vencedora do ex-presidente norte-americano Donald Trump em 2016, e a versão local “hagamos Argentina grande otra vez” (“façamos a Argentina grande de novo”, em português) também podiam ser lidas pelo ambiente.

    Como no boné de Eduardo Dimarco, um empresário argentino que se define como “fanático” por Trump e já esteve até em comício do ex-presidente norte-americano.

    Eduardo Dimarco, empresário argentino que se define como “fanático” por Donald Trump, mostra uma foto de quando esteve presente em comício do ex-presidente americano / CNN

    “Acho que [Jair] Bolsonaro também vai por um bom caminho”, afirmou Dimarco, mencionando o vídeo que o ex-governante brasileiro fez em apoio a Milei na reta final da campanha, onde afirma que estará na posse caso o candidato argentino seja eleito.

    “Adorei o vídeo e gosto das ideias do Bolsonaro, que defende a liberdade, como nós”, concluiu o empresário.

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