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    México boicota Cúpula e põe em risco sucesso do evento

    País é fundamental na discussão sobre imigração e tráfico

    Heloisa Villelada CNN

    O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, não participa desta edição da Cúpula das Américas. A ausência do país deve fazer falta em discussões importantes, como imigração e narcotráfico.

    López Obrador decidiu boicotar a reunião quando o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, confirmou que não convidaria países que considera ditaduras. E listou Cuba, Venezuela e Nicarágua.

    O governo dos EUA disse estar confiante de que a presença do ministro das Relações Exteriores do México será suficiente para debater o assunto da imigração e fechar um acordo ao fim da cúpula. E para mostrar que as relações com o México não foram abaladas, anunciou que o presidente Obrador e a mulher dele irão aos Estados Unidos no mês que vem.

    O México é hoje rota da migração da América Central e da América do Sul para os Estados Unidos.

    Mas um grande contingente de mexicanos também tenta atravessar a fronteira todos os anos em busca de oportunidade e segurança.

    Outro desafio importante no México é o narcotráfico, que domina várias regiões do país. Segundo o último mapa da criminalidade, traçado pelos pesquisadores do centro de pesquisa econômica e ensino, existem pelo menos 150 gangues criminosas organizadas no país. Um aumento exponencial porque até 2006 não chegavam a dez.

    Quase todos são financiados ou ligados aos dois grandes cartéis do país: o Sinaloa e o Nova Geração Jalisco. O líder do cartel de Sinaloa, El Chapo Gusman, depois de fugas cinematográficas das cadeias mexicanas, foi condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos. Mas o cartel continua ativo e opera em 14 dos 32 estados do México. Com a expansão das operações dos narcotraficantes, a violência se espalhou por todo o país.

    “Ela [a violência] está associada tanto à disputa desses grupos de crime organizado quanto às questões de violência política. Ainda que nos últimos anos a gente tenha visto uma diminuição dos homicídios, a gente está falando de um dos países mais violentos do mundo e da América Latina”, diz a professora de Relações Internacionais Marcela Franzoni, do Centro Universitário Belas Artes.

    Segundo dados do Ministério do Interior do México, até o dia 2 de março deste ano, 112 pessoas foram assassinadas por dia.

    E os jornalistas também figuram na lista de alvos. Neste ano, até maio, nove já foram assassinados e o país caminha para um recorde de homicídios de profissionais de imprensa.

    Narcotráfico e imigração são os desafios mais urgentes para o país mais importante da América Central. O boicote à Cúpula das Américas parece ser um efeito colateral que o governo americano deixou de levar em conta quando decidiu excluir Venezuela, Cuba e Nicarágua.

    Afinal, chegar a um consenso das melhores práticas ao combate a esses problemas no continente será praticamente impossível sem um dos principais interessados no assunto, o México.

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