Médico que socorreu feridos na explosão relata situação em hospital de Beirute
"População libanesa viu ontem um inferno", falou o cirurgião plástico Charbel el Raxim, que viveu durante sete anos no Brasil
“Foi uma noite muito pesada. Eu não convivi na guerra, mas o que vimos ontem foi uma situação de guerra. Não sabíamos por onde começar e onde vamos acabar”, relatou o cirurgião plástico Charbel el Raxim à CNN nesta quarta-feira (5), após a megaexplosão que aconteceu em Beirute, capital do Líbano, na terça-feira (4).
Para o médico, a população libanesa viu ontem um “inferno”. “Comecei a trabalhar às oito da noite e parei às seis da manhã. Foi uma noite de trabalho que nunca vou esquecer”, contou.
Na manhã desta quarta, Raxim disse que voltou para o hospital e tratou de mais feridos que chegaram hoje porque, de acordo com ele, as ambulâncias não conseguiram responder a todos os pedidos na noite de ontem.
Segundo o médico, no hospital tem cerca de 18 pessoas em estado grave, que precisam de amputação, apresentam ferimentos complexos e hemorragias ou demandam internação na UTI.
Situação do Líbano
O médico, que estudou no Brasil durante sete anos, classificou a situação política do país como “complicada” e afirmou que o cenário econômico está “cada vez pior”. Com a pandemia do novo coronavírus tudo se agravou.
O governo libanês, disse ele, conseguiu controlar a crise da Covid-19 durante um período de dois a três meses. Entretanto, a partir do momento em que abriu o aeroporto para tentar melhorar um pouco a situação econômica, o número de casos da doença aumentou, sobrecarregando o sistema de saúde, tanto público quanto privado
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“O número de pacientes com a Covid-19 está aumentando a cada dia, e os hospitais estão cada vez mais lotados. Nosso sistema hospitalar não está preparado para esse número de pacientes com a Covid. A explosão pressionou ainda mais o sistema”, pontuou.
Até o momento, segundo o Ministério da Saúde do Líbano, ao menos 135 pessoas morreram, mais de 5 mil ficaram feridas, centenas estão desaparecidas e cerca de 300 mil, desabrigadas.
(Edição: Sinara Peixoto)