Mauro Vieira irá consultar militares na Venezuela, diz professor à CNN
Ministro das Relações Exteriores do Brasil buscará apoio do poder militar na Venezuela para resolução da crise política, afirma professor Leonardo Trevisan
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, deverá consultar o poder militar da Venezuela em busca de apoio para a resolução do conflito político no país. A informação foi divulgada pelo professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan, em entrevista ao Bastidores CNN.
Segundo Trevisan, a missão de Vieira na Venezuela inclui “sentir o clima com quem efetivamente decide, que são os militares venezuelanos”.
O especialista destaca que Nicolás Maduro é uma espécie de porta-voz desses militares e depende deles para se manter no poder.
O professor ressalta a singularidade da situação venezuelana na América Latina: “Se você olhar a América Latina inteira, os militares têm outras funções que não essas estão de governo, em qualquer dos países”.
Ele cita dados do Carter Center, indicando que cerca de 70% dos postos estatais venezuelanos são ocupados por militares.
Trevisan ilustra a dimensão do poder militar na Venezuela com uma comparação surpreendente: “A Venezuela tem mais generais do que a OTAN inteira”.
Ele acrescenta que a PDVSA, equivalente à Petrobras na Venezuela, é dirigida diretamente por coronéis e generais.
Contexto regional e desafios
O Brasil e a Colômbia enfrentam desafios significativos devido à situação na Venezuela, principalmente pela questão da fronteira seca.
A Colômbia abriga atualmente 2,8 milhões de venezuelanos, enquanto o Brasil já recebeu 600 mil.
Além disso, há preocupação com a possibilidade de Maduro agravar um sentido de guerra civil, o que poderia levar a uma intervenção mais direta dos Estados Unidos na América Latina. Tanto o Brasil quanto a Colômbia buscam evitar esse cenário.
A comunidade internacional, representada por Brasil e Colômbia, exige transparência no processo eleitoral venezuelano, solicitando acesso às atas das eleições.
Há também discussões sobre a possibilidade de um segundo turno nas eleições venezuelanas, uma proposta delicada que enfrenta resistência tanto da oposição quanto do governo Maduro.