Mariupol é “inferno na Terra”, diz comandante da Marinha ucraniana em carta ao Papa
Líder do exército na cidade descreveu a situação no local e pediu ajuda ao pontífice: "chegou a hora em que rezar não é suficiente"
O comandante da unidade de fuzileiros navais ucranianos na cidade sitiada de Mariupol escreveu uma carta aberta ao Papa Francisco pedindo que ele salve as pessoas que permanecem no local, que está sob forte bombardeio russo desde o início da guerra na Ucrânia.
Na carta, publicada no site Ukrainska Pravda, o major Serhii Volyna, líder da 36ª Brigada de Fuzileiros Navais, escreveu: “Não vi seus apelos ao mundo e não li todas as suas últimas declarações, tenho lutado por mais de 50 dias em completo cerco e tenho tempo apenas para uma batalha feroz por cada metro de uma cidade cercada pelo inimigo”.
Volyna disse estar pronto para “lutar até o fim”, apesar do constante ataque com artilharia e foguetes, falta de água, comida e remédios, e acrescentou: “Você provavelmente já viu muito em sua vida, mas tenho certeza de que você nunca viu o que está acontecendo em Mariupol. Porque é assim que o inferno na Terra se parece”.
“Tenho pouco tempo para descrever todos os horrores que vejo aqui todos os dias. Na fábrica [Azovstal], mulheres com crianças e bebês vivem em bunkers. Com fome e frio. Todos os dias sendo alvo da aviação inimiga. Os feridos morrem porque não há remédios, nem água, nem comida”, adicionou o comandante.
O oficial também citou o teatro em Mariupol que foi atingido por um ataque russo enquanto era usado como abrigo para civis em março.
“Chegou a hora em que rezar não é suficiente. Ajude a salvá-los. Após o bombardeio do teatro, ninguém acredita nos ocupantes russos. Traga a verdade ao mundo, evacue as pessoas e salve suas vidas das mãos de Satanás, que quer queimar todas as coisas vivas”, finalizou Volyna.