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    María Corina Machado dá ultimato a Maduro: “Não aceitar eleições livres é pior opção”

    Principal opositora da Venezuela critica decisão que a barrou do pleito

    Maria Corina Machado e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela
    Maria Corina Machado e Nicolás Maduro, presidente da Venezuela REUTERS/Gaby Oraa REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria

    Luciana Taddeoda CNN

    em Buenos Aires

    A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, deu um ultimato a Nicolás Maduro para que realize eleições livres no país.

    Em pronunciamento divulgado em suas redes sociais no domingo (17), Machado disse que ou o chavista facilita uma transição negociada pela via eleitoral ou que a população não aceitará o resultado.

    “Para Maduro e o regime, [vocês] têm duas opções: ou facilitam uma transição negociada através de eleições presidenciais livres, no contexto do Acordo de Barbados, ou decidem tomar [o poder] pelo mau caminho. Esta é a pior opção para todos e não evitaria a transição, já que nem o país, nem o mundo, irão aceitar”, pontuou.

    O Acordo de Barbados, mencionado por Machado, foi resultado de uma negociação, mediada pela Noruega e que contou com diversos países como observadores, incluindo o Brasil.

    Nesse entendimento, o governo venezuelano e a oposição concordaram em diversos pontos para que haja garantia de direitos políticos e de transparência nas eleições presidenciais que serão realizadas neste ano.

    Machado denuncia o classifica como rompimento do acordo pela prisão de quatro de seus chefes de campanha e por ter sido impedida de ocupar cargos públicos pelos próximos 15 anos, após sentença do Tribunal Superior de Justiça (TSJ) do país.

    Na sentença que ratifica o impedimento de Corina de ocupar cargos públicos, o TSJ venezuelano afirma que ela “foi partícipe da trama de corrupção orquestrada pelo usurpador Juan Guaidó”, em referência ao opositor que se autoproclamou presidente do país em 2019, quando liderava o Legislativo venezuelano.

    Segundo o texto, a “trama” proporcionou o bloqueio de recursos nacionais e a entrega de empresas e riquezas venezuelanas no exterior, como a petroleira Citgo, além da solicitação de aplicação de sanções ao país.

    Maduro, por sua vez, chegou a dizer que o Acordo de Barbados está “mortalmente ferido” por supostos planos de conspiração para assassiná-lo.

    No sábado (16), a sigla chavista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) confirmou que Maduro será candidato ao seu terceiro mandato como presidente, no pleito marcado para o dia 28 de julho.

    Críticas ao governo e conselho eleitoral

    No pronunciamento emitido nas redes sociais, a opositora afirma que, pela primeira vez, tem 80% de apoio para uma eleição presidencial. Pesquisas recentes indicam, no entanto, que ela teria cerca de 55% das intenções de voto, contra 15% de Maduro.

    Machado denuncia no vídeo não somente que o “regime” de Maduro tenta impedir sua participação nas eleições, mas que o Conselho Nacional Eleitoral tem anulado a participação de partidos e movimentos que a apoiam.

    Além disso, afirmou que o conselho impôs um calendário não consensual, que “nega o direito aos novos votantes e aos venezuelanos no exterior de que se inscrevam” e que “torna quase impossível a chegada de missões de observação eleitorais integrais”.

    Ela também ressalta que a comunidade internacional “sabe o que está em jogo, o que significa para a Venezuela e para a região que Maduro postergue uma transição” e diz que “os venezuelanos não aceitarão nada” que não seja a liberdade e o “retorno à democracia”.

    “Tenham a tranquilidade e a confiança de que tomarei as decisões corretas para avançar neste caminho, com a participação e o apoio de todos os setores que querem uma mudança urgente na Venezuela”, observou Machado.

    Apesar da proibição de ocupar cargos públicos, Machado venceu as primárias da oposição em outubro do ano passado e diz que nada vai tirá-la da rota eleitoral. As inscrições dos candidatos para o pleito presidencial venezuelano começa nesta quinta-feira (21) e vai até segunda-feira (25).

    Nesta segunda (18), dia de início da inscrição de novos eleitores para o processo, a Conferência Episcopal Venezuelana emitiu um comunicado afirmando que a Igreja Católica convocou a que os venezuelanos se registrem para votar e afirmou que “valoriza a democracia já que esta garante a participação dos cidadãos tanto nas diversas opções políticas como na eleição dos seus governantes”.

    “O exercício do voto é um elemento básico para construir um país democrático. Por esse motivo, os órgãos do Estado, que estão a serviço do povo, e todas as instituições políticas e sociais devem trabalhar para garantir a possibilidade real de participação equitativa neste processo, tanto de eleitores como dos candidatos”, manifestou a Conferência Episcopal.