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    Manifestantes atacam embaixada da França no Níger após golpe de estado

    Apoiadores do regime militar que derrubou o presidente Mohamed Bazoum gritavam "vida longa a Putin" durante os protestos pela capital Niamei; novos líderes do país enfrentam apelos internacionais para ceder o poder

    Omar Hama Saley, CNN , Niamei, Níger

    Cenas tensas e às vezes violentas ocorreram em frente à Embaixada da França no Níger neste domingo (30), quando milhares de pessoas que apoiam um golpe militar expressaram raiva pela influência da França em sua ex-colônia.

    Os manifestantes gritaram em apoio ao líder russo Vladimir Putin, apesar dos apelos do Kremlin para libertar o presidente democraticamente eleito do país, Mohamed Bazoum.

    Alguns manifestantes derrubaram uma placa que identificava a Embaixada, pisaram nela e a substituíram por bandeiras da Rússia e do Níger. Gritos de “vida longa a Putin”, “vida longa à Rússia” e “abaixo a França” podiam ser ouvidos entre a multidão.

    As forças de segurança nigerianas foram vistas aplicando gás lacrimogêneo na tentativa de dispersar os manifestantes. Uma fotografia da cena mostrava pessoas tentando iniciar um incêndio fora do complexo.

    Níger: general se apresenta como novo líder após golpe

    O gabinete do presidente Emmanuel Macron disse que a França retaliaria imediatamente contra qualquer um que atacasse cidadãos franceses ou instalações no Níger.

    Grande parte da comunidade internacional condenou o golpe, que viu membros da guarda presidencial do Níger derrubarem Bazoum e instalarem uma junta militar chamada Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria.

    O Níger tem uma longa história de golpes militares desde sua independência da França em 1960, embora nos últimos anos tenha sido menos instável politicamente. Quando Bazoum assumiu o cargo em 2021, foi a primeira transferência democrática de poder do país.

    A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) exigiu no domingo que Bazoum fosse libertado e reintegrado dentro de uma semana.

    Caso a junta permaneça no cargo, o grupo disse que “tomará todas as medidas necessárias para restaurar a ordem constitucional na República do Níger”, incluindo o uso da força.

    A CEDEAO também anunciou uma série de medidas punitivas, incluindo o fechamento das fronteiras terrestres e aéreas com o Níger. O grupo disse que rejeitaria qualquer forma de renúncia que pudesse vir de Bazoum, que eles consideram um refém.

    A França e a União Europeia disseram anteriormente que apoiariam as organizações da CEDEAO se decidissem sancionar a junta. Ambos já haviam cortado o apoio financeiro ao Níger.

    Os líderes militares do Níger podem ter encontrado um aliado em potencial: o vizinho oriental do país, o Chade.

    O presidente do Chade, Mahamat Idriss Deby Itno, esteve em Niamei, capital do Níger, no domingo, segundo uma fonte próxima ao exército nigeriano, e fotografado ao lado de uma figura-chave do golpe. O Chade não é membro da CEDEAO.

    ‘Vamos tirar a França da África’

    O Níger foi uma colônia francesa por mais de 50 anos antes de sua independência em 1960. Os laços diplomáticos entre os dois países eram fortes antes do golpe de quinta-feira, mas muitos nigerianos acreditam que a França continuou a agir como poder imperial ao lidar com o Níger, roubando-lhe os recursos naturais e ditando como seus líderes dirigem a economia.

    O Níger é um dos países mais pobres do mundo e recebe centenas de milhões de dólares todos os anos em assistência.

    “O Níger sofreu demais sob as ordens francesas. Estou desempregado há 10 anos por causa do sistema deles”, disse Karimou Sidi, um dos manifestantes. “Queremos liberdade.”

    Hadiza Kanto, um estudante universitário que veio protestar, disse que apoiava os líderes do golpe porque “eles são contra a França que nos roubou a todos”. “Vamos tirar a França da África”, disse Kanto.

    A Rússia, nos últimos anos, tentou capitalizar esse sentimento anticolonial para reforçar sua influência em todo o continente.

    Dezessete chefes de estado africanos viajaram para São Petersburgo na quinta-feira para uma cúpula África-Rússia, embora a participação tenha sido muito menor este ano do que nos anos anteriores, provavelmente devido à guerra na Ucrânia.

    O movimento anti-França e pró-Rússia não é novo na região. Foi observado em vários países do Sahel nos últimos anos, mais recentemente em Burkina Faso, onde o governo militar exigiu a saída das tropas francesas do país no início deste ano.

    (Com colaboração de Martin Goillandeau e Joshua Berlinger)

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