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    “Mala nuclear” passará de Biden para Trump pouco antes da posse; entenda

    Diferente do que é mostrado nos filmes, acessório não contém botão para disparar mísseis em caso de ataque inimigo

    Diego Pavãoda CNN

    A troca na presidência dos Estados Unidos, marcada para 20 de janeiro de 2025, envolve uma série de ritos e protocolos coreografados para que nada saia errado durante o evento que será acompanhado em todo o mundo. Entre as preocupações, está a segurança nacional.

    Garantir uma “passagem de bastão” sem intercorrências, em caso de um ataque inimigo de larga escala, é uma das prioridades dos americanos em um momento como esse.

    Quem acompanha os passos do presidente dos Estados Unidos pode ter notado que, além de assessores e agentes do Serviço Secreto, o chefe de Estado sempre é acompanhado por um oficial das Forças Armadas cuja função é a mesma há décadas: carregar uma grossa mala de mão e estar sempre ao alcance do presidente.

    Mala nuclear do presidente dos Estados Unidos (24-07-2021)
    Mala nuclear do presidente dos Estados Unidos (24-07-2021) • CNN / Reprodução

    A chamada “mala nuclear” é conhecida por outro nome no governo americano: “football”, bola de futebol americano, em tradução livre. Em filmes e séries de televisão, ela é mostrada como um acessório que garante que o presidente viabilize um ataque nuclear contra alguma superpotência, em caso de uma ofensiva inimiga anterior.

    Mesmo assim, a mala de couro não contém um aparelho com botões, telas e comunicadores que permitem que o presidente dispare mísseis com um simples toque do dedo. A explicação real sobre o que a “football” carrega é, na verdade, um pouco menos empolgante. De acordo com o especialista em segurança nuclear, Stephen Schwartz, “existem apenas papéis lá dentro, e detalhes de todas as opções pré-planejadas que existem para o presidente lançar um ataque nuclear, sob vários cenários.”

    Schwartz afirma que a mala acompanha o presidente 24 horas por dia, sete dias por semana. “Ela está sempre a poucos segundos de distância de onde ele estiver”, complementa.

    Além dos presidentes, seus vices também são acompanhados de um oficial que carrega uma mala idêntica, no caso de o líder principal estar incapacitado de tomar a decisão de um eventual ataque.

    Para autorizar a ofensiva, o presidente precisa fornecer um código aos responsáveis por disparar os mísseis. É um mecanismo de segurança para comprovar que quem está autorizando o ataque é de fato o líder americano. O código alfanumérico está em um cartão, chamado de “biscoito” e que pode ser guardado na carteira ou no bolso do presidente.

    Em 20 de janeiro de 2025, dia da posse, quando o novo presidente assumir as responsabilidades do cargo, ele também vai receber a mala. A expectativa é que o protocolo seja seguido à risca. A mala deve passar do oficial de Joe Biden para o de Donald Trump dentro do Capitólio, pouco antes do juramento. Dessa forma, quando o republicano estiver empossado, ele já terá a capacidade de autorizar um ataque em uma eventual emergência.

    Posse de Joe Biden

    Na posse anterior, Trump decidiu não participar da cerimônia, quebrando uma tradição nos Estados Unidos. Ele dizia, sem provas, que a vitória do oponente era resultado de fraude e, por isso, decidiu ficar de fora da troca de comando. O problema é que isso criou uma situação única em relação à troca da mala nuclear.

    O republicano deixou a Casa Branca pela manhã rumo à Flórida, antes da cerimônia e, naquele momento, ainda era o comandante das Forças Armadas. Mesmo que por poucas horas, o presidente não pode ficar desacompanhado do oficial que carrega as instruções nucleares porque, no caso de uma emergência, ele não poderia ordenar o disparo de mísseis.

    Por isso, quando Trump deixou a capital americana na manhã do dia 20 de janeiro, ele foi acompanhado pela mala. Ao meio-dia do horário local, quando segundo a constituição norte-americana começa o mandato do novo presidente, o código de Trump para autorizar um ataque foi anulado, e o novo líder, Joe Biden, assumiu o controle sobre o arsenal.

    “Mala nuclear” em risco

    A segurança sobre a “mala nuclear” chegou a ser questionada quando, em 6 de janeiro de 2021, apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação de Joe Biden após a vitória dele na eleição. A cerimônia foi presidida por Mike Pence, então vice-presidente, que também é seguido por um oficial cuja função é carregar a “football”. Durante a revolta, os militantes (muitos enfurecidos com Pence) chegaram a 30 metros da mala, o que preocupou autoridades da defesa americana.

    O episódio levou o Pentágono a anunciar uma revisão dos protocolos de segurança empregados em torno da bolsa, que guarda as informações mais sensíveis à segurança nacional dos Estados Unidos.

    Anos antes, ainda na gestão Trump, outra ocorrência colocou a mala nuclear em risco. Em 2017, durante uma viagem oficial a Pequim, houve uma confusão entre agentes do serviço secreto americano e seguranças chineses. Os guardas de Xi Jinping tentaram impedir que a bolsa entrasse na sede do governo e acabaram sendo derrubados no chão pelos agentes americanos.

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