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    Maioria da ultradireita no Parlamento pode ser evitada, diz premiê da França

    Gabriel Attal, um aliado próximo do presidente Emmanuel Macron, disse acreditar em uma tentativa multipartidária de privar o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen

    Dominique Vidalonda Reuters em Paris

    O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, um aliado próximo do presidente Emmanuel Macron, disse acreditar que uma tentativa multipartidária de privar o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, de uma maioria no segundo turno parlamentar do próximo domingo pode ter sucesso.

    No entanto, ele rejeitou sugestões de que os centristas de Macron poderiam tentar formar um governo multipartidário no caso de um parlamento sem maioria, propondo que os moderados na assembleia trabalhassem juntos para aprovar legislações caso a caso.

    Attal fez essa declaração depois que mais de 200 candidatos de todo o espectro político concordaram em se retirar das disputas locais para abrir caminho para quem estivesse em melhor posição para derrotar o candidato do RN em seu distrito eleitoral.

    “O que essas desistências mostram é que podemos evitar uma maioria absoluta para a extrema direita”, disse Attal à rádio France Inter sobre a contagem de 289 assentos que a RN precisaria para controlar a Assembleia Nacional francesa, que tem 577 assentos.

    Questionado sobre os pedidos de criação de um governo temporário multipartidário caso nenhum grupo obtivesse a maioria, Attal disse que não imporia aos eleitores “uma coalizão que eles não escolheram”.

    “Espero que o campo do Ensemble (aliado a Macron) seja o maior possível”, disse ele. “Depois disso, buscaremos garantir maiorias projeto por projeto.”

    Em uma reunião de gabinete na terça-feira (2), Macron rejeitou a opção de uma coalizão que incluiria o partido de ultraesquerda França Insubmissa (LFI) de Jean-Luc Melenchon, disse um participante. Não ficou claro se ele mencionou outras opções de coalizão.

    Os comentários ressaltam que, mesmo que o RN não chegue ao poder, a França poderá enfrentar meses de incerteza política até o fim do mandato de Macron em 2027 — quando se espera que Le Pen lance um desafio à presidência.

    O Ministério do Interior deveria divulgar a lista de candidatos para o segundo turno mais tarde, mas a mídia local estimou que até 218 candidatos desistiram, reduzindo o número de distritos nos quais o voto anti-RN corria o risco de ser dividido.

    Antes das retiradas, os pesquisadores calcularam que o primeiro turno colocaria a RN no caminho para 250 a 300 cadeiras.

    A questão permanece se os eleitores irão aderir ao esforço de bloquear o partido anti-imigrante e eurocético. Os eleitores centristas podem hesitar em apoiar um rival de ultraesquerda do RN, enquanto muitos apoiadores de esquerda estão tão desiludidos com Macron que não suportarão apoiar alguém de sua aliança.

    Le Pen disse na quarta-feira que poderia recorrer a outros partidos se o RN não obtivesse maioria absoluta. Seu escolhido para primeiro-ministro, Jordan Bardella, disse que se recusaria a formar um governo sem um mandato suficientemente forte.

    O RN saiu bem à frente na votação do primeiro turno de domingo, depois que a aposta de Macron em uma eleição antecipada saiu pela culatra, deixando seu campo centrista em um modesto terceiro lugar, atrás do RN e de uma aliança de esquerda formada às pressas.

    Le Pen trabalhou durante anos para suavizar a imagem da RN, mas grupos de direitos humanos citam preocupações sobre sua “preferência nacional” e políticas anti-migrantes, enquanto seu profundo euroceticismo representaria sérias ameaças à futura integração europeia.

    Isso sinalizou planos para reverter as reformas de Macron, como sua iniciativa impopular de aumentar a idade de aposentadoria, e economistas questionam se os altos planos de gastos do RN são totalmente financiados.

    Os mercados financeiros ficaram tranquilos com a tentativa de criar a chamada “frente republicana” contra o partido de Le Pen, reduzindo o prêmio de risco da dívida soberana da França.

    “A estratégia limitaria significativamente as chances de Le Pen ganhar uma maioria absoluta”, disse o economista-chefe da Jefferies para a Europa, Mohit Kumar, em nota.

    O Rally Nacional atacou a proposta multipartidária para bloqueá-la como antidemocrática e uma tentativa de minar os desejos dos eleitores. Bardella disse ao jornal Le Figaro: “A verdadeira ‘frente republicana’ – somos nós.”

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