Maduro fecha embaixada no Equador até que país “restitua direito internacional”
Venezuelano afirmou que asilo político do ex-vice-presidente do Equador deve ser reconhecido e invasão de embaixada é uma ameaça a todos os países
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou o fechamento de sua embaixada e consulados no Equador. Todos os diplomatas do país foram chamados imediatamente de volta para a Venezuela “até que o direito internacional seja restituído de maneira expressa pelo Equador”.
A ordem foi dada durante a Cúpula Extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizada nesta terça-feira (16), para abordar a invasão da embaixada mexicana pela polícia equatoriana no começo do mês.
Para Maduro, a defesa do presidente equatoriano, Daniel Noboa, da ação da polícia, “é uma ameaça direta a todos os países que têm embaixadas no Equador”. Ele disse que o presidente equatoriano se mostrou orgulhoso da invasão e chamou a atitude de “arrogante” e “prepotente”.
A invasão da embaixada mexicana tinha como objetivo prender o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, condenado no país por corrupção, que acabou sendo levado, apesar da resistência de funcionários mexicanos, para uma penitenciária de Guayaquil.
Maduro disse que o ex-vice-presidente deve ser “restituído” à embaixada do México, seu asilo político deve ser reconhecido e o salvo-conduto deve ser concedido para que ele possa deixar o país “para recuperar sua saúde física das ‘torturas’ no México”.
Para Noboa, o asilo concedido pelo México ao político é “ilegal”, já que Glas é condenado por um crime comum e, segundo ele, o privilégio não poderia ter sido concedido. A posição, no entanto, é isolada na comunidade internacional, que repudiou o episódio.
Na semana passada a Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução condenando a invasão e reafirmando “a obrigação de todos os Estados de garantir o respeito aos privilégios e imunidades de missões diplomáticas e ao princípio de inviolabilidade, de acordo com o direito internacional, como requisito fundamental e crucial para as relações pacíficas entre os países”. O único voto contrário à resolução foi do próprio Equador.
Após a ordem de Maduro, o chanceler venezuelano Yván Gil disse que Maduro iniciou ações “para apoiar a proposta do México na solicitação de expulsão do Equador da ONU e na sua denúncia apresentada à Corte Internacional de Justiça”.