Macron batalha para salvar maioria parlamentar e agenda de reformas
Segundo turno que definirá assentos no Parlamento francês acontece em 19 de junho
O presidente da França, Emmanuel Macron, pode perder a maioria absoluta no Parlamento e a capacidade de levar adiante sua agenda de reformas econômicas com liberdade após o bom desempenho de uma nova aliança de esquerda no primeiro turno de votação.
A aliança de centro de Macron e a coalizão “Nupes”, liderada pelo veterano de esquerda Jean-Luc Mélenchon, obtiveram 26% dos votos cada uma, em meio a abstenções recordes. O segundo turno acontecerá em 19 de junho e determinará a divisão de assentos.
O instituto Elabe projetou que a aliança Ensemble! de Macron ganhará entre 260 e 295 assentos na Assembleia Nacional — sendo que a marca para maioria absoluta foi estabelecida em 289 — e que o bloco de esquerda garantirá entre 160 e 210 assentos, um grande aumento em relação a 2017.
“Venha votar no próximo domingo para rejeitar a política maligna de Macron”, publicou, no Twitter, Mélenchon após a votação no domingo.
Se a aliança de centro de Macron perder a maioria absoluta no segundo turno, o presidente será forçado a fazer acordos projeto por projeto com grupos de centro-direita ou centro-esquerda que rejeitam se alinhar com Mélenchon. Isso também poderia desencadear uma remodelação do gabinete.
O que está em jogo é a capacidade de Macron de aprovar reformas, incluindo a previdenciária — muito contestada — que faria os franceses trabalharem por mais tempo, uma mudança que ele diz ser necessária para garantir ordem de longo prazo às finanças públicas.
Seus oponentes de esquerda estão pressionando para reduzir a idade de aposentadoria e lançar uma grande campanha de gastos, já que a inflação crescente eleva o custo de vida e afeta os salários. Mélenchon classifica Macron como um liberal econômico que protege as famílias ricas e não as pobres.
A primeira-ministra Elisabeth Borne defendeu a atuação do partido governista no domingo.
“Ao contrário das palavras do senhor Mélenchon, que realmente tem um problema com a realidade, somos a força política que tem mais candidatos no segundo turno, há candidatos da maioria presidencial em três quartos dos círculos eleitorais, e vamos mobilizar esta semana para ganhar maioria clara e forte”, disse ela a repórteres em seu distrito eleitoral, Calvados.