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    Lula diz que Europa tem que decidir se quer acordo com Mercosul: “Ou sim, ou não”

    Presidente se reuniu com líderes da União Europeia durante a Cúpula do G20 e disse a Macron que exigências ambientais são “inaceitáveis”

    Américo Martinsda CNN

    Nova Delhi, Índia

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na Cúpula do G20, em Nova Delhi, na Índia, que a União Europeia precisa decidir se quer fechar o acordo de livre comércio com o Mercosul.

    “Nos próximos meses a gente tem que chegar num acordo: Ou sim, ou não. Ou parar de discutir o acordo porque, depois de 22 anos [de negociações], ninguém acredita mais [na possibilidade de aprovação]”, disse o presidente.

    “Eu estou com vontade de fazer o acordo enquanto eu sou o presidente do Mercosul”, disse ele. O Brasil ocupa a presidência rotativa do bloco comercial sul-americano até o fim deste ano.

    Os blocos fecharam as bases do acordo de livre comércio em 2019, depois de mais de 20 anos de negociações.

    Veja também: Brasil recebe da Índia comando simbólico do G20

    Em março deste ano, porém, a União Europeia enviou uma “side letter”, uma espécie de adendo ao texto original, ao Mercosul colocando novas condições ambientais para a ratificação do tratado.

    As novas demandas europeias incluem a aplicação de sanções e restrições ao comércio entre os blocos em caso de desmatamento e desrespeito ao meio ambiente.

    Lula se reuniu com vários líderes europeus na Cúpula do G20, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente da França, Emmanuel Macron.

    A CNN apurou que o presidente brasileiro disse a Macron durante a reunião bilateral que as exigências europeias eram “ofensivas” e “inaceitáveis”.

    O presidente francês já havia dito a Lula, em reunião anterior, que o acordo só passaria na Assembleia Nacional de seu país se tivesse amplo apoio de partidos da direita e extrema-direita – algo considerado improvável no momento.

    Para entrar em vigor, o acordo precisa ser ratificado por todos os países membros dos dois blocos, os quatro do Mercosul e os 27 da União Europeia.

    Perguntado em Nova Delhi se acreditava na possibilidade de o acordo ser realmente aprovado, Lula disse que sim. Mas defendeu que uma negociação política precisa ser feita para isso.

    “Eu acho que é possível. Eu sempre digo que quando a gente quer encontrar uma solução para um acordo, a gente não manda emissário. A gente vai pessoalmente. A União Europeia tem seus negociadores comerciais. Mas quem negocia de verdade são os governos. Eu quero sentar pessoalmente com o Macron, com o [primeiro-ministro alemão Olaf] Scholz para decidir as coisas”, disse o presidente brasileiro.

    Além da questão ambiental, o governo brasileiro também resiste a um tópico do acordo negociado que liberaria empresas de países dos dois blocos a participar de licitações para compras governamentais em igualdade de condições.

    O governo, no entanto, defende uma reserva de mercado para as empresas brasileiras neste tópico.

    “A gente não aceita ameaças de sanções [ambientais] e não aceita a ideia das compras governamentais. Elas são um instrumento de política industrial de cada país. Foi assim nos Estados Unidos, foi assim na Alemanha e será assim no Brasil”, afirmou.