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    Lula diz que agora Brics podem fazer reunião com G7 “em condições de superioridade”

    Bloco passa a ter 36% do PIB mundial com a entrada de Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã

    Marina Toledoda CNN , em São Paulo

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (26), em conversa com repórteres em Angola, que, após a entrada de seis novos países nos Brics, o bloco pode fazer uma reunião com o G7 em condições de superioridade.

    “Agora, você pode fazer uma reunião dos Brics com o G7 em condições de superioridade porque o PIB na paridade de compra os Brics tem mais. Os Brics agora representam 36,7% do PIB de paridade de compra, o G7, 29%. Então as condições geopolíticas para você negociar muda, e você negocia em conjunto”, disse.

    O presidente ainda destacou que com a expansão dos Brics, “o mundo fica mais equilibrado nas discussões geopolíticas”.

    Na quinta-feira (24), os líderes do bloco, composto por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, convidaram oficialmente Arábia SauditaArgentinaEgitoEmirados ÁrabesEtiópia e Irã para serem membros plenos dos Brics.

    Veja também – Análise: O papel do Brasil nos Brics após adesão de novos países

    Reforma do Conselho de Segurança da ONU

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Em declaração à imprensa no último dia de visita a Angola, ele avaliou que a entidade já não mais representa “aquilo para o qual foi criada”. “A ONU de 2023 está longe de ter a mesma credibilidade da ONU de 1945”, avaliou.

    “O Conselho de Segurança, que deveria ser a segurança da paz e da tranquilidade, é o que faz a guerra sem conversar com ninguém. A Rússia vai para a Ucrânia sem discutir no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos vão para o Iraque sem discutir no Conselho de Segurança. A França e a Inglaterra vão invadir a Líbia sem passar pelo Conselho de Segurança. Ou seja, quem faz a guerra, quem produz arma, quem vende armas são os países do Conselho de Segurança. Está errado.”

    Lula acredita que mais países devem compor o conselho. “Qual é a representação da África no Conselho de Segurança? Qual é a representação da Ásia, da América Latina? Deixamos claro que defendemos que o Brasil entre no Conselho de Segurança, a Índia, a Alemanha, o Japão. Há divergências, mas não são nossas”, completou.

    O presidente defendeu que a ONU passe a ter o que chamou de representação geográfica mais condizente com a realidade.

    “Em 1948, a ONU conseguiu criar o Estado Israel. Em 2023, ela não consegue fazer cumprir a área reservada aos palestinos. Ela ficou enfraquecida. E, na questão climática, é mais grave. Em todas as COP [Conferências das Partes], nós decidimos muitas coisas, mas nenhuma delas é cumprida. Por que não é cumprida? Porque não há um Estado soberano. A ONU não tem força para dizer: ‘Isso aqui nós temos que cumprir, se não haverá determinadas ações’”, exemplificou.

    Dívida africana

    Ainda durante declaração à imprensa na capital angolana, Lula questionou o mecanismo de pagamento da dívida de países africanos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). “É preciso começar uma nova briga”, disse, ao citar que o continente acumula um débito de US$ 760 bilhões a serem pagos ao fundo.

    “Essa dívida vai ficando impagável porque o dinheiro do orçamento nunca dá para pagar e o problema vai sempre aumentando. Qual é a lógica? É tentar sensibilizar as pessoas que são donas dessas dívidas para que elas sejam transformadas em apoio à infraestrutura. O dinheiro da dívida, ao invés de ser pago, seria investido em obras de infraestrutura”, disse.

    Ele acredita que é necessário pensar em alternativas para uma solução. “Você pode ou anular essa dívida, e acho que vai ser impossível anular uma dívida de US$ 760 bilhões, mas você pode prorrogá-la até que esses países adquiram condições de pagar.”

    Lula encerra neste sábado a visita oficial a Angola e segue para São Tomé e Príncipe, onde participa da Cúpula dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A cerimônia oficial de despedida, em Luanda, deve ocorrer às 16h (horário local, 12h no horário de Brasília). Esta é a primeira vez que ele visita o continente desde o início do terceiro mandato.

    *Com informações de Agência Brasil

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