Análise: Xi Jinping anuncia maior cooperação com Sul Global
Lourival Sant'Anna comenta anúncio do presidente chinês de maior engajamento com países em desenvolvimento
O presidente chinês Xi Jinping anunciou uma agenda de maior cooperação com os países do chamado Sul Global durante a Cúpula de Líderes do G20, reafirmou o papel da China como principal liderança entre as nações em desenvolvimento.
Segundo o analista de Internacional da CNN Lourival Sant’Anna, a China tem se aproximado destes países ao explorar a premissa do anti-imperialismo em relação aos Estados Unidos, aproveitando-se de ressentimentos históricos contra o colonialismo e o eurocentrismo.
Nova Rota da Seda: Investimentos e Influência
A estratégia chinesa, conhecida como ‘Nova Rota da Seda‘, foi lançada por Xi Jinping em 2013 e visa suprir a carência de recursos e infraestrutura em várias regiões do mundo, incluindo África, sudeste asiático, sul da Ásia e América Latina. O projeto já alcançou até mesmo países europeus como Grécia, Itália e Reino Unido.
“São trilhões de dólares que são injetados nesses países”, afirma Sant’Anna. No entanto, o analista alerta para possíveis armadilhas “se você não paga e o juro é alto, a obra fica para a China e passa a administrá-la. Essa é a jogada da Nova Rota da Seda”.
Brasil e China: Relações Complexas
A relação entre Brasil e China também foi abordada por Sant’Anna. Ele mencionou que a recusa do presidente Lula em aderir à iniciativa Belt and Road causou irritação no governo chinês. “Eu tive informação de dentro da Cidade Proibida de que realmente o governo e o presidente Xi Jinping ficou muito irritado com a recusa do presidente Lula”, revelou o analista.
Apesar da forte afinidade entre Lula e Xi Jinping e do anti-americanismo compartilhado, a decisão brasileira “azedou um pouco a relação”, segundo Sant’Anna. O analista ressalta que a China se comporta como um império e não aceita jogos de poder ou tentativas de equilibrar relações entre ela e os Estados Unidos.
A expansão da influência chinesa no Sul Global representa um desafio significativo para as potências ocidentais, que agora enfrentam uma competição acirrada por influência política e econômica em regiões tradicionalmente sob sua esfera de influência.
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