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    Líder religioso que culpou homossexuais por Covid-19 é diagnosticado com o vírus

    Líder da igreja ortodoxa na Ucrânia disse que pandemia era "punição de Deus" por casamento entre pessoas do mesmo gênero

    O patriarca Filaret, líder religioso da Ucrânia
    O patriarca Filaret, líder religioso da Ucrânia Foto: Reuters (28.set.2018)

    Harmeet Kaur, da CNN

    Um líder religioso proeminente na Ucrânia, que disse anteriormente que a pandemia da Covid-19 era “punição de Deus” pelo casamento homossexual, testou positivo para o vírus.

    O estado de saúde do patriarca Filaret, líder da Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kiev, é estável, e ele passa por tratamento. A igreja anunciou em uma publicação no Facebook em 4 de setembro que Filaret havia contraído a doença. 

    “Sua Santidade patriarca Filaret está especialmente grato a todos que demonstram amor e pelo apoio em orações por sua saúde”, disse a igreja em comunicado nesta terça-feira (8).

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    “Hoje o estado de saúde do patriarca Filaret é estável, o tratamento continua. Pedimos que continuem a rezar por sua Santidade patriarca Filaret, para que o todo-misericordioso e poderoso Deus cure o patriarca de sua doença”. 

    O líder de 91 anos ganhou as manchetes em março, ao dizer a um canal de televisão ucraniano que a crise do coronavírus era a “punição de Deus pelos pecados dos homens, os pecados da humanidade”. 

    “Em primeiro lugar, eu quero dizer casamento homossexual”, acrescentou.

    O grupo LGBTQ+ ucraniano Insight processou o religioso após esses comentários, dizendo que essas palavras poderiam incitar ódio e discriminação.

    O processo requeria um pedido de desculpas de Filaret e uma retratação dele e do canal de TV, segundo a Thomson Reuters Foundation. 

    “Nosso objetivo é mostrar às pessoas que não há mais espaço para declarações como essas dos líderes da igreja na Ucrânia”, disse Olena Shevchenko, líder da Insight, em abril. 

    A Anistia Internacional na Ucrânia condenou os comentários de Filaret na época. 

    “Declarações assim são muito prejudiciais porque podem levar a aumentos nos ataques, nas agressões, discriminação e aceitação de violência contra certos grupos”, disse Maria Guryeva, porta-voz da organização, à Thomson Reuters Foundation. 

    A igreja respondeu ao processo, dizendo que “como líder da igreja e como um homem, o Patriarca tem a liberdade de expressar seus pontos de vista, que são baseados na moralidade”. 

    A Igreja Ortodoxa Ucraniana – Patriarcado de Kiev é uma das maiores denominações cristãs do país. Membros do Patriarcado de Kiev eram cerca de 25% dos 27,8 milhões de fiéis ortodoxos na Ucrânia em 2016, de acordo com o think tank do país Razumkov Centre. 

    Relações homossexuais são legais na Ucrânia, apesar do país não reconhecer casamentos entre pessoas do mesmo gênero, de acordo com a base de dados do site LGBT Equaldex.

    A Ucrânia era o 35º de 49 países em um ranking de simpatia LGBTQ+ em países europeus feitos pela ILGA-Europe (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersex).

    Até esta quarta (9), foram confirmados mais de 143 mil casos de Covid-19 na Ucrânia. Quase 3.000 pessoas morreram.