Líder de milícia do Sudão nega rumores sobre sua morte
Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, divulgou mensagem de áudio para desmentir notícias; RSF e exército seguem combates iniciados há um mês, que já resultaram em mais de 600 mortes
O líder da milícia RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, rejeitou os rumores de que ele havia sido morto ou ferido nas batalhas contra o exército do Sudão.
“Estou me movendo livremente em torno de minhas forças, estou presente em Bahri, estou presente em Omdurman, estou presente em Cartum, estou presente em Sharq al-Nil”, disse Hemedti em uma mensagem de voz divulgada pela RSF.
“Eles estão espalhando rumores de que Mohamed Hamdan foi morto, e tudo isso são mentiras que mostram que eles estão sendo derrotados… Graças a Deus estou presente com as tropas”, acrescentou ele.
Os conflitos entre o exército e as RFS completaram um mês nesta segunda-feira (15). As tropas do governo promoveram ataques aéreos ao longo do rio Nilo, no norte da capital, enquanto luta para repelir seus rivais paramilitares, disseram testemunhas.
Batalhas intensas em Cartum e em suas cidades irmãs Bahri e Omdurman têm ocorrido apesar das negociações mediadas pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos na cidade de Jeddah, no Mar Vermelho, com o objetivo de garantir acesso humanitário e um cessar-fogo efetivo.
O combate se espalhou para a região ocidental de Darfur, já marcada por um longo conflito, mas se concentra em Cartum, onde combatentes da RSF ocuparam posições em bairros e o Exército tem usado ataques aéreos e fogo de artilharia pesada para atingir os rivais.
“Estamos sob intenso bombardeio agora em Sharq el-Nil e a Apoio Rápido está respondendo com armas antiaéreas”, disse Awatef Saleh, de 55 anos, referindo-se à área em que vive ao longo do Nilo, em Bahri. “Tudo isso está acontecendo perto de nossas casas, estamos em estado de terror e medo.”
O comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, e Hemedti ocupavam os principais cargos no conselho governante do Sudão após a derrubada de Omar al-Bashir em 2019, e deram um golpe dois anos depois, quando o prazo para entregar o poder aos civis se aproximava.
A guerra estourou após disputas sobre os planos para a RSF ser absorvida pelo Exército e pela cadeia de comando em uma nova transição política.
O conflito fez com que cerca de 200 mil fugissem para os países vizinhos e mais de 700 mil fossem deslocados dentro do Sudão, desencadeando uma crise humanitária que ameaça desestabilizar a região.
Aqueles que permaneceram em Cartum têm lutado para sobreviver em meio aos combates, à medida que os serviços de saúde entraram em colapso, o fornecimento de energia e água foi cortado e os estoques de alimentos diminuíram.
Os moradores relataram um aumento constante de saques e ilegalidades depois que a polícia desapareceu das ruas no início do conflito.
A agitação matou pelo menos 676 pessoas e feriu 5.576, de acordo com dados oficiais, embora com muitos relatos de pessoas desaparecidas e corpos deixados insepultos.
(Publicado por Fábio Mendes, com informação da Reuters)