Kremlin eleva tom após Biden chamar Putin de “criminoso de guerra”
Nesta quinta-feira (17), o presidente norte-americano fez duras declarações contra o líder russo; ele se referiu a Putin como "ditador assinado, bandido completo, que está travando uma guerra imoral"
O Kremlin elevou o tom nos últimos dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de “criminoso de guerra” enquanto a Ucrânia sofre com ataques e bombardeios russos desde 24 de fevereiro, o que já provocou mortes entre civis e deslocou mais de 3 milhões de pessoas para países vizinhos.
Para o Kremlin, a fala de Biden é uma observação “imperdoável” de um líder de um país que matou civis durante conflitos em diversas partes do mundo.
Biden se referiu a Putin como “criminoso de guerra” durante uma rápida fala a repórteres. O Kremlin reagiu: “Nosso presidente é uma figura internacional muito sábia, presciente, culta e chefe da Federação Russa, nosso chefe de Estado”, disse o porta-voz, Dmitry Peskov.
Peskov ainda classificou as falas de Biden como “absolutamente inadmissíveis e inaceitáveis”. “O principal é que é o chefe de um estado que por muitos anos bombardeou pessoas em todo o mundo (…) o presidente de tal país não tem o direito de fazer tais declarações”, disse Peskov.
O Kremlin lembrou que os Estados Unidos bombardearam o Japão, que saiu derrotado, em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. As cidades de Hiroshima e Nagasaki foram destruídas após o ataque norte-americano – cerca de 200 mil pessoas morreram durante o bombardeio, outras morreram por doenças causadas pela radiação emitida pelas bombas.
Nesta quinta-feira (17), Biden voltou a falar sobre Putin e fez duras declarações contra o líder russo. Durante um almoço no Capitólio dos EUA, Biden chamou Putin de “ditador assinado, bandido completo, que está travando uma guerra imoral contra o povo da Ucrânia”.
Medvedev reforça críticas e ameaças russas aos EUA
O ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev reforçou as críticas e ameaças russas aos Estados Unidos nesta quinta-feira (17).
“A Rússia tem o poder de colocar os inimigos liderados pelos Estados Unidos em seu lugar e Moscou frustrará o plano russofóbico do Ocidente de destruir a Rússia”, disse Medvedev, um dos aliados mais próximos de Putin, que comandou a Rússia de 2008 a 2012.
Atualmente, Medvedev é vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia.
O ex-presidente russo também afirmou que os EUA alimentam a “repugnante” russofobia para prejudicar o país – segundo ele, a estratégia não funcionará.
Corte Internacional de Justiça e crimes de guerra
Nesta quarta-feira (16), a Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia, na Holanda, determinou o fim das operações militares russas na Ucrânia.
A resolução da Corte foi emitida em forma de medidas provisórias indicadas para o conflito. A recomendação do fim imediato das operações da Rússia na Ucrânia foi obtida por uma votação de 13 votos favoráveis contra 2 divergentes.
Na mesma data, a Ucrânia acusou a Rússia de bombardear um teatro em Mariupol – o local servia de abrigo para os ucranianos e tinha a presença de crianças no local sinalizada em russo.
O Ministério da Defesa da Rússia nega que tenha realizado ataque aéreo contra o teatro. Ainda não há informações sobre possíveis mortes ou a condição dos sobreviventes no local – as autoridades ucranianas trabalham no resgate das vítimas nesta quinta.
Dias após a invasão russa, a embaixada dos EUA em Kiev afirmou que a Rússia cometeu crime de guerra ao atacar uma usina nuclear. O uso de bombas de fragmentação e bombas de vácuo também são considerados crimes de guerra e são investigados pelas autoridades.
Nesta quarta-feira (16), o ministro da defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse aos legisladores da União Europeia que eles deveriam reconhecer o presidente russo como um criminoso de guerra.
Hoje, o Kremlin voltou a falar sobre o conflito – classificado pela Rússia como “operação militar especial” na Ucrânia. Para o Kremlin, muitas pessoas na Rússia estão se mostrando “traidoras”, – Peskov se referia aos russos que estavam se demitindo de seus empregos e deixando o país.
Milhares russos que protestaram contra a guerra na Ucrânia foram presos desde o início dos conflitos.
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*Com informações da CNN Internacional e Reuters