Kim Jong Un critica resposta de autoridades norte-coreanas ao surto de Covid-19
Desde que relatou primeiro caso do novo coronavírus, país já registra mais de 1,7 milhão de pacientes com sintomas de febre
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, classificou a resposta de seu país ao primeiro surto confirmado de Covid-19 como imatura, acusando autoridades do governo de incoerência e inércia à medida que casos de febre se espalham pelo país, informou a mídia estatal nesta quarta-feira (18).
A Coreia do Norte registrou mais 232.880 pessoas com sintomas de febre e mais seis mortes depois que revelou o surto do novo coronavírus na semana passada. O país não informa quantas pessoas testaram positivo para Covid-19.
Presidindo uma reunião do Politburo do Partido dos Trabalhadores na terça-feira (17), Kim disse que a “imaturidade na capacidade do Estado para lidar com a crise” aumentou a “complexidade e as dificuldades” no combate à pandemia, segundo a KCNA.
Desde o primeiro reconhecimento do surto da doença, o país já registrou 1,72 milhão de pacientes com sintomas de febre, incluindo 62 mortes na terça-feira.
No entanto,a Coreia do Norte também disse que a situação do vírus no país está tomando uma “virada favorável”, acrescentando que a reunião do partido discutiu “manter a boa chance na frente geral de prevenção de epidemias”.
O relatório não detalhou quais motivos levaram a uma avaliação tão positiva. O país não iniciou a vacinação e tem capacidade limitada de testagem, deixando muitos especialistas preocupados com a dificuldade de avaliar quão ampla e rapidamente a doença está se espalhando.
De acordo com a KCNA, a Coreia do Norte tem pressionado para lidar melhor com “a coleta, transporte e teste de amostras das pessoas com febre, enquanto estabelece instalações adicionais de quarentena”.
A agência estatal também disse que as autoridades de saúde desenvolveram um guia de tratamento contra a Covid-19 destinado a prevenir overdoses de medicamentos e outros problemas.

Autoridades e pesquisadores intensificaram os esforços para “desenvolver e produzir massivamente medicamentos eficazes no tratamento da infecção pelo vírus maligno e estabelecer métodos de diagnóstico e tratamento mais racionais”, informou a KCNA, sem detalhar quais seriam os medicamentos.
Diante de um surto “explosivo” de Covid-19, a Coreia do Norte mobilizou suas forças armadas, incluindo 3.000 médicos militares, para um sistema de entrega de medicamentos 24 horas, com 500 grupos de resposta para testar e tratar pacientes infectados.
A televisão estatal mostrou um grande número de soldados reunidos em uma praça para apoiar o trabalho contra o vírus
Um porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU disse na terça-feira que as medidas tomadas por Pyongyang para combater a doença podem ter consequências “devastadoras” para os direitos humanos no país, já que as restrições impostas podem limitar o acesso à comida.
A Coreia do Sul se ofereceu para enviar suprimentos médicos, incluindo vacinas, máscaras e kits de teste, além de cooperação técnica, para o Norte, mas ainda não recebeu resposta.