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    Kamala Harris injeta energia na campanha de Biden

    Harris tem por exemplo a simpatia de eleitores liberais de classes média e média-alta dos subúrbios das grandes cidades

    Lourival Sant'Annada CNN

    A corrida presidencial nos Estados Unidos começou para valer nesta quarta-feira (12), com a entrada em cena da senadora Kamala Harris, em comício de lançamento de campanha com Joe Biden, em Wilmington, no estado de Delaware, onde mora o ex-vice-presidente.

    As linhas de ataque ao governo de Donald Trump ficaram claras quando Biden ressaltou que há 16 milhões de americanos sem trabalho, e que o presidente bateu um recorde histórico de desemprego. Ele e Harris prometeram criar empregos e conter o novo coronavírus.

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    A senadora diz que, em vez de seguir a ciência, Trump recomenda “tratamentos milagrosos que ele vê na Fox News” — daí o trágico saldo de 165 mil mortes e 5 milhões de infectados, até agora. Harris lembrou que, durante a pandemia do ebola apenas 2 americanos morreram, sob o governo de Barack Obama e Biden, seu vice.

    Trump recebeu de Obama e Biden “a maior expansão econômica da história e jogou isso por terra, como tudo o que herdou”, criticou a senadora. Ela salientou também que os pais não sabem o que fazer com suas crianças encerradas em casa, porque não sentem segurança de mandá-las para a escola.

    Harris, que quando pré-candidata a presidente propôs saúde de graça para todos, comprometeu-se com o modelo do Obamacare, que Biden promete aprimorar, aumentando as opções de planos de saúde e tornando-os mais acessíveis. 

    Mas manteve duas posições identificadas com a esquerda: o direito ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo.

    Em um debate entre pré-candidatos democratas em junho do ano passado, Harris criticou Biden por ter se oposto nos anos 70 a uma lei que obrigava o Departamento de Educação a oferecer ônibus para crianças negras frequentarem escolas mais distantes e melhores.

    Nesta quarta-feira, no entanto, ela assegurou que a luta pela igualdade racial “não é novidade para Joe nem para mim”. Ela lembrou que Biden foi o único vice de um presidente negro, e o único que escolheu uma negra como vice.

    Os dois se emocionaram quando falaram de Beau, filho de Joe Biden, que morreu de câncer em 2015, e que era amigo e colega de Harris, quando ela era procuradora-geral da Califórnia e ele, de Delaware.

    O candidato a presidente disse que, como sempre, sua campanha será feita em família, e qualificou Harris como “membro honorário da família Biden”, por causa da proximidade com seu filho morto.

    Carismática, Harris reunia milhares de simpatizantes nos seus comícios no ano passado. Sua campanha não decolou porque ela não tinha um perfil ideológico claro. Como procuradora estadual, ela foi criticada pela esquerda por ter sido dura contra a criminalidade, chegando a propor prender pais cujos filhos não frequentavam a escola. Já a proposta de saúde para todos é considerada de esquerda nos EUA.

    Agora, esse perfil misto, combinado com o fato de ser mulher, negra e asiática, filha de jamaicano com indiana, pode ajudar na campanha de Biden, no seu intento de atrair o máximo de votos de esquerda, de moderados e das minorias.

    Harris tem por exemplo a simpatia de eleitores liberais de classes média e média-alta dos subúrbios das grandes cidades, que ajudaram Trump a se eleger em 2016 e os democratas a recuperar a maioria na Câmara dos Deputados em 2018.

    Acima de tudo, aos 55 anos, ela injeta na campanha de Biden, 77, o que mais parecia lhe faltar: energia.

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