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    Justiça francesa rejeita extradição de italianos militantes de esquerda dos “anos de chumbo”

    Itália há muito tempo busca a extradição de ex-guerrilheiros, que receberam refúgio na França sob a condição de renunciarem à violência

    Manifestação da organização paramilitar de esquerda Lotta Continua, nos "anos de chumbo" da Itália – período de turbulência sociopolítica que durou do final dos anos 1960 ao fim da década de 1980.
    Manifestação da organização paramilitar de esquerda Lotta Continua, nos "anos de chumbo" da Itália – período de turbulência sociopolítica que durou do final dos anos 1960 ao fim da década de 1980. Unknown author / Wikimedia Commons

    Tassilo HummelMarine Straussda Reuters

    em Paris

    A mais alta corte da França rejeitou definitivamente, nesta terça-feira (28), um pedido de extradição do governo italiano para deportar um grupo de 10 ex-militantes de esquerda por atos ocorridos há mais de 30 anos.

    “O Tribunal de Cassação nega provimento aos recursos considerando que as razões adotadas pelos juízes, que fazem parte de sua avaliação, são suficientes”, disse o mais alto tribunal de apelações da França em um comunicado ao confirmar a decisão.

    O partido “Liga Norte”, do vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, descreveu a decisão como “desconcertante”.

    A Itália há muito tempo busca a extradição de ex-guerrilheiros, que receberam refúgio na França sob a condição de renunciarem à violência após os chamados “anos de chumbo” do terrorismo de extrema-esquerda e extrema-direita do final dos anos 1960 aos anos 1980.

    Em abril de 2021, a França prendeu sete ex-militantes de esquerda italianos depois de abrigá-los por décadas após sua condenação na Itália por acusações de terrorismo.

    O grupo afetado pela decisão desta terça-feira era composto por essas sete pessoas e mais três, todas com idades entre 62 e 89 anos.

    No ano passado, uma decisão de um tribunal inferior de não extraditá-los com base em seus direitos humanos provocou um conflito entre Roma e Paris, com alguns políticos italianos acusando juízes franceses de tomarem uma decisão “inaceitável”.

    Giorgia Meloni, líder do partido de extrema-direita “Irmãos de Itália”, que mais tarde se tornou a primeira-ministra do país, no verão passado chamou de “inaceitável e vergonhoso” não deportar os militantes.

    Entre os afetados pela decisão desta terça-feira estava Giorgio Pietrostefani, co-fundador do grupo Lotta Continua (“Luta Contínua”, em tradução literal), condenado a 22 anos de prisão por seu papel no assassinato em 1972 do comissário de polícia de Milão Luigi Calabresi.

    Membros das Brigadas Vermelhas, incluindo Marina Petrella, Roberta Cappelli e Sergio Tornaghi, todos condenados à prisão perpétua por participação em vários assassinatos e sequestros, também estão entre os que escaparam da extradição.