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    Júri que tornou Trump réu sofre ameaças de morte e tem dados expostos em redes da extrema-direita

    Ex-presidente e mais 18 pessoas foram acusadas formalmente, na segunda-feira (14), por um grande júri de Atlanta, por tentativa de manipulação na eleição presidencial de 2020 no estado americano da Geórgia

    Donie O'SullivanMarshall CohenNick Valenciada CNN

    Circulam em redes da extrema-direita os nomes, fotos, perfis de redes sociais e até mesmo endereços residenciais de membros do júri que votaram, nesta semana, para tornar o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e outras 18 pessoas réus acusados de tentar manipular as eleições presidenciais de 2020 no estado americano da Geórgia.

    Uma fonte policial com conhecimento da situação disse à CNN que os jurados estão sofrendo ameaças de morte.

    Veja: Trump é acusado de extorsão por eleição de 2020

    A CNN não pôde verificar de forma independente se as fotos, perfis e endereços residenciais postados realmente pertencem aos membros do grande júri.

    No entanto, os nomes que circulam nesses sites parecem corresponder aos nomes de pelo menos 13 dos 26 jurados que atuaram no caso no condado de Fulton, no estado da Geórgia. Não está claro se esses nomes são os jurados reais ou apenas pessoas com o mesmo nome. Alguns endereços parecem estar errados.

    Ao contrário do sistema federal, quando alguém é indiciado no Condado de Fulton, a acusação formal inclui os nomes de todos os jurados que participaram do painel de 26 membros que analisou o caso. No entanto, a acusação da promotoria, feita antes da análise do júri, e que é um registro público disponível no site do tribunal, não inclui seus endereços ou qualquer outra informação de identificação pessoal.

    Em alguns fóruns, os usuários estão postando vários perfis de redes sociais de diferentes pessoas que têm o mesmo nome de alguns dos jurados.

    Isso cria uma camada adicional de risco, disse à CNN Daniel J. Jones, presidente da Advance Democracy, uma organização sem fins lucrativos que conduz investigações de interesse público e monitora o extremismo online.

    A postagem de perfis de mídias sociais e endereços residenciais de pessoas que compartilham o nome de um jurado aumenta o risco de assédio e outras formas de danos, disse ele.

    A CNN não está nomeando os sites onde esses detalhes estão sendo postados, mas eles variam desde um grande perfil nas redes sociais até fóruns trumpistas e sites que já foram vinculados a ataques extremistas violentos.

    A CNN entrou em contato com o escritório do xerife do condado de Fulton para comentar.

    Em um caso, uma personalidade pró-Trump compartilhou capturas de tela com seus mais de 2 milhões de seguidores mostrando o que eram supostamente os perfis de rede social de jurados. Essa postagem já foi removida.

    A mesma personalidade promoveu anteriormente Pizzagate, uma teoria da conspiração infame que levou um homem armado a disparar um rifle de assalto em uma pizzaria em Washington, DC em 2016, que alegou estar tentando encontrar e resgatar crianças escravas sexuais que ele acreditava estarem sendo mantidas no restaurante.

    Veja também: Exclusivo: Equipe de Trump violou software de votação na Geórgia

    Essa crença estava supostamente baseada em sua leitura de uma teoria da conspiração online que conectava falsamente o conselheiro de campanha de Hillary Clinton à pizzaria por meio de mensagens codificadas em seus e-mails vazados.

    Algumas das postagens acusavam infundadamente o promotor distrital Fani Willis, um democrata, de encher o grande júri de ativistas de esquerda. A política e o histórico de votação de potenciais jurados não foram discutidos durante o processo de seleção no mês passado, que ocorreu principalmente em tribunal aberto e foi observado pela CNN e outros repórteres no tribunal.

    Ben Decker, CEO da Memetica, uma empresa de inteligência de ameaças, disse à CNN na quarta-feira (16): “Muitas das plataformas onde essas discussões estão ocorrendo têm uma longa história de ligação ao extremismo violento, incluindo uma série de tiroteios em massa e atos politicamente motivados por violência, como a invasão do Capitólio.”

    Até agora, nenhum dos jurados do condado de Fulton falou publicamente sobre o caso de Trump.

    O júri, formado por moradores da área de Atlanta, foi empossado no início do verão norte-americano e votou em acusações de rotina em casos sobre armas e drogas – antes de Willis apresentar a eles o caso de Trump na segunda-feira (14).

    Eles passaram cerca de 10 horas a portas fechadas, ouvindo depoimentos de promotores e de testemunhas importantes, incluindo o ex-vice-governador da Geórgia e dois ex-legisladores estaduais, antes de aceitar a acusação histórica da promotoria, tornando Trump e outros 18 réus.

    Veja: Waack: Acusação contra Trump é seríssima

    O Departamento de Polícia de Atlanta está apoiando o escritório do xerife do condado de Fulton em relação a possíveis problemas de segurança para os grandes jurados.

    A porta-voz do APD, Chata Spikes, disse à CNN que o escritório do xerife é a agência principal, mas o departamento de polícia é capaz e está disposto a ajudar, se necessário.

    Uma fonte policial com conhecimento da situação de segurança disse à CNN que os jurados estão sendo “doxxados” e sua segurança é a principal preocupação no momento.

    “Estamos em uma situação em que as pessoas estão sendo ameaçadas de morte por cumprirem seu dever cívico. É uma triste realidade que, como parte da lei da Geórgia, seus nomes sejam divulgados, mas é com isso que estamos lidando”, disse a fonte à CNN.

    A fonte disse que caberá ao escritório do xerife iniciar “patrulhas dirigidas” para proteger os jurados e alertar os departamentos de polícia sobre ameaças específicas.

    A fonte disse que pode haver uma declaração ainda quinta-feira do gabinete do xerife relacionada à segurança do jurado.

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