Jovem ucraniano relata fuga para a Polônia após exército russo atacar sua cidade
"Espero que realmente a Ucrânia consiga se defender do exército russo e em algumas semanas eu possa voltar, mas não sei se será possível, porque minha casa foi destruída com as bombas e os tanques."
Ao acordar às 5 horas da manhã em 24 de fevereiro, Igor ouviu fortes barulhos, tentou olhar pela janela de sua casa e não enxergou nada. Pegou seu celular e começou a ver as notícias: as tropas russas haviam chegado a sua cidade, próxima a Kiev.
O jovem fugiu com sua irmã e mãe e chegou neste domingo (27) em Varsóvia, capital da Polônia, e contou ao enviado especial da CNN Mathias Brotero sua experiência.
“Acabou ficando perigoso demais ficar por lá, então fugi com minha família. Foi longe e difícil conseguir chegar aqui, três dias. Tomando ônibus e algumas aventuras, para mim, minha irmã e mãe”, afirmou.
Seu pai não conseguiu ir. Homens entre 18 e 60 anos não podem deixar a Ucrânia por estarem sendo convocado pelo exército após um decreto do presidente Volodymyr Zelensky.
“Estou muito triste com isso. Espero que realmente a Ucrânia consiga se defender do exército russo e em algumas semanas eu possa voltar, mas não sei se será possível, porque minha casa foi destruída com as bombas e os tanques.”
“Os meus amigos ficaram na Ucrãnia e agora não podem sair do país, então talvez consigam se tornar refugiados em algum, porque há bombas e tanques por todas as partes, as ruas e vias estão destruídas. Eu tenho um amigo e ele e sua família se armaram, ficaram e casa e estão muito assustados. Eu espero que ele sobreviva e os meus parentes que ficaram em Kiev e em outras partes da Ucrânia sobrevivam também.”
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev.De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
A Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(*Com informações da Reuters e da CNN Internacional)