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    Jornalista bielorrusso aparece em TV estatal; críticos condenam detenção

    Os críticos acreditam que as aparições de Protasevich na mídia são feitas sob coação do estado

    Zahra Ullah e Hanna Yahrova, da CNN

    O jornalista detido Roman Protasevich apareceu novamente na mídia estatal bielorrussa, para preocupação dos críticos do governo, que temem que o jovem dissidente seja forçado a se dirigir à nação sob coação.

    O jovem de 26 anos disse ao canal de TV estatal bielorrusso ONT na quinta-feira (3) que se “confessou culpado” de organizar “protestos não sancionados” em grande escala após as disputadas eleições no país em agosto de 2020.

    “Admito abertamente que fui uma das pessoas que publicou apelos para ir às ruas no dia 9 de agosto. Assim que fui apresentado aos documentos e acusado, me declarei imediatamente culpado, nos termos do artigo 342 da Código Penal, que impede a organização de protestos não sancionados em grande escala”, disse Protasevich durante uma entrevista para o programa Nothing Personal.

    Protasevich foi preso em 23 de maio após seu vôo da Ryanair ser detido em Minsk, gerando indignação de governos ocidentais. Os críticos do governo do antigo presidente Alexander Lukashenko acreditam que as aparições de Protasevich na mídia são feitas sob coação do estado.

    Protasevich é um “refém do regime”, tuitou Franak Viacorka, assessor da exilada candidata da oposição bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya, na quinta-feira (3).

    “É doloroso ver ‘confissões’ de Raman Pratasevich. Seus pais acreditam que ele foi torturado. Este não é Raman que eu conheço. Este homem na TV de Goebbels é o refém do regime, e devemos fazer todo o possível para libertá-lo e aos outros 460 prisioneiros políticos”, escreveu Viacorka, usando a grafia bielorrussa de seu nome.

    Desde sua prisão, Protasevich apareceu várias vezes na mídia controlada pelo estado ou pró-governo. Protasevich também foi destaque em um “documentário investigativo” da ONT sobre o incidente com o vôo da Ryanair, no início desta semana. O documentário repete uma afirmação das autoridades bielorrussas de que não sabiam que Protasevich estava a bordo do avião quando o desviou.

    Protasevich é conhecido como um crítico ferrenho do governo de Lukashenko. Ele esteve envolvido em manifestações contra o regime quando era adolescente e mais tarde foi expulso do programa de jornalismo da Universidade Estatal da Bielo-Rússia. Ele sempre esteve na linha de frente dos protestos, de acordo com outros ativistas.

    NEXTA, o canal do Telegram que Protasevich co-fundou em 2015, encontrou popularidade ao fornecer informações sobre violentas repressões do governo em protestos eleitorais. Depois que a maioria dos ativistas vocais foram detidos ou exilados, o canal se tornou uma fonte confiável de informações verificadas para os manifestantes coordenarem seus movimentos.

    O tom conciliador da entrevista de Protasevich na quinta-feira (3) pode soar ainda mais estranho para outros ativistas.

    A certa altura, Protasevich diz ao entrevistador que respeita a recusa do presidente de se curvar às críticas públicas. “Percebi que muito do que Alexander Grigoryevich (Lukashenko) foi criticado foi uma tentativa de pressioná-lo. E em muitos aspectos ele agiu como um homem com bolas de aço, apesar da pressão”, disse ele.

    Protasevich também desmorona diante da câmera, chorando ao dizer que nunca mais quer se envolver na política novamente.

    “Tenho repensado muitas coisas por mim mesmo. Não quero mais me envolver na política, em nenhum jogo sujo e confronto. Quero ter esperança de poder corrigir tudo e ter uma vida normal e pacífica, ter uma família e filhos”, disse ele.

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