Jogadores brasileiros fogem da guerra na Ucrânia e chegam ao Brasil
Gabriel Busanello, Felipe Pires e Bill, que atuam no Dnipro, foram os primeiros atletas que escaparam do confronto e desembarcaram em São Paulo
Os jogadores Gabriel Busanello, Felipe Pires e Fabricio Rodrigues, o “Bill”, chegaram ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, no início deste domingo (27) após fugir da guerra na Ucrânia. Os três atuam no time ucraniano Dnipro.
O caminho para pisar outra vez em solo brasileiro foi complexo. Após a invasão russa ao país, os atletas saíram da cidade de Dnipro e tentaram, sem sucesso, cruzar a fronteira com a Polônia. Tiveram que migrar para a fronteira com a Romênia, onde conseguiram iniciar o translado aéreo.
Depois de uma escala em Madrid, na Espanha, muitas horas sem dormir, falta de sono e até de comida, os três chegaram em São Paulo.
São 30 jogadores brasileiros que atuam na primeira divisão do futebol ucraniano. Cerca de 40, se considerarmos as duas primeiras divisões. Desde que Vladimir Putin autorizou uma operação militar na Ucrânia, diversos jogadores se manifestaram pedindo auxílio para deixar o país. Os atletas do Dnipro foram os primeiros a conseguirem escapar dos confrontos e chegar ao Brasil.
O repórter da CNN Anthony Wells conversou com Felipe Pires e Gabriel Busanello – o atacante Bill fez apenas uma escala em São Paulo antes de ir para o Rio de Janeiro.
Contratado por quatro anos pelo Dnipro, o atacante Felipe Pires chegou na Ucrânia no mesmo dia em que começou a invasão. “Acordei assustado, pensei que estava sonhando. Quando saí para a janela, olhei pela janela e vi aquela fumaça… Falei: “não acredito, começou a guerra”, relatou Pires.
De volta ao Brasil, o sentimento é de alívio. “Ficar com a família, acho que isso é o mais importante. Que a gente tem a nossa família. Quando eu estava lá só pensava em estar com eles, estar perto deles”, contou o lateral Gabriel Busanello.
Entenda o conflito
Após meses de escalada militar e intemperança na fronteira com a Ucrânia, a Rússia atacou o país do Leste Europeu. No amanhecer desta quinta-feira (24), as forças russas começaram a bombardear diversas regiões do país – acompanhe a repercussão ao vivo na CNN.
Horas mais cedo, o presidente russo, Vladimir Putin, autorizou uma “operação militar especial” na região de Donbas (ao Leste da Ucrânia, onde estão as regiões separatistas de Luhansk e Donetsk, as quais ele reconheceu independência).
O que se viu nas horas a seguir, porém, foi um ataque a quase todo o território ucraniano, com explosões em várias cidades, incluindo a capital Kiev. De acordo com autoridades ucranianas, dezenas de mortes foram confirmadas nos exércitos dos dois países.
Em seu pronunciamento antes do ataque, Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. Putin recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
Esse ataque ao ex-vizinho soviético ameaça desestabilizar a Europa e envolver os Estados Unidos.
Rússia vem reforçando seu controle militar em torno da Ucrânia desde o ano passado, acumulando dezenas de milhares de tropas, equipamentos e artilharia nas portas do país.Nas últimas semanas, os esforços diplomáticos para acalmar as tensões não tiveram êxito.
A escalada no conflito de anos entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou a maior crise de segurança no continente desde a Guerra Fria, levantando o espectro de um confronto perigoso entre as potências ocidentais e Moscou.
(Com informações de Sarah Marsh e Madeline Chambers, da Reuters, e de Eliza Mackintosh, da CNN)