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    Jogador diz estar detido em abrigo na Venezuela mesmo negativo para Covid-19

    Douglas Madera, de 35 anos, diz à CNN ter sido enganado por autoridades locais e mantido em quarentena forçada em condições desumanas

    O jogador Douglas Buscarini, em atuação pelo Corinthians USA
    O jogador Douglas Buscarini, em atuação pelo Corinthians USA Foto: Reprodução Instagram/@douglasmb14

    José Brito, da CNN, em São Paulo

    Para quem atravessa por via terrestre a fronteira entre o Brasil e a Venezuela, uma barreira sanitária obriga viajantes a serem testados para detectar a Covid-19.

    O jogador de futebol e empresário venezuelano, Douglas Madera, 35 anos, diz ter sido enganado pelas autoridades locais e obrigado a ficar, desde domingo (7), em um abrigo para quarentena em condições desumanas, sob vigilância armada, mesmo após apresentar o resultado negativo para o novo coronavírus.

    Na carreira, Madera já defendeu o Estudiantes de Mérida, da Venezuela, o Miami United e o Corinthians USA, dos Estados Unidos, e o brasileiro Spartax, da Paraíba.

    Imagem captada de dentro de um 'abrigo anti-Covid' na Venezuela
    Imagem captada de dentro de um ‘abrigo anti-Covid’ na Venezuela
    Foto: CNN Brasil

    Madera mora há três anos na Itália e esteve semana passada no Brasil para reuniões de negócios ligados ao futebol. A viagem seguiria a Caracas para reativar um projeto social esportivo. De São Paulo, na sexta-feira (5), ele diz ter pego um voo a Boa Vista e depois alugado um carro para chegar a Pacaraima, cidade que faz divisa com o país venezuelano. 

    Segundo conta, após fazer a travessia e chegar a Santa Elena de Uairén, foi explicado pelas autoridades que ele deveria fazer um teste PCR e se desse negativo, ele seria encaminhado a um local em Puerto Ordaz, onde faria um segundo teste e seria liberado. 

    Imagem captada de dentro de um 'abrigo anti-Covid' na Venezuela
    Imagem captada de dentro de um ‘abrigo anti-Covid’ na Venezuela
    Foto: CNN Brasil

    “Eles me colocaram em um ônibus e viajamos por um dia e meio fazendo paradas. Cheguei na madrugada de domingo no abrigo e não havia teste nenhum. A nova explicação dada era que só depois de uma semana sem apresentar sintomas é que poderíamos sair. Fomos enganados e estamos presos. Nunca nos deram a informação correta”, revela Douglas.

    Douglas diz estar detido na Fundação Armonia, em Puerto Odaz, uma organização sem fins lucrativos vinculada ao governo venezuelano, que de acordo com as suas redes sociais, “oferece bem-estar e atendimento integral de primeira linha aos idosos”.

    Imagem captada de dentro de um 'abrigo anti-Covid' na Venezuela
    Imagem captada de dentro de um ‘abrigo anti-Covid’ na Venezuela
    Foto: CNN Brasil

    “São 23 quartos por ala, sendo duas alas. No total são 46 quartos e cerca de oito camas por quarto. Mas atualmente eu estimo que sejam cerca de 150 pessoas aqui. Todos os dias cerca de 30 novas pessoas entram e outras 30 saem. Eles completaram 7 dias.”, explica o jogador de futebol que deve deixar o local, no próximo domingo (14).

    Sem luz e falta de talheres

    Ele enviou fotos e vídeos gravados por celular sobre a precariedade do espaço e relata uma situação de abandono e falta de condições sanitárias mínimas para abrigar seres humanos. Nos quartos, quatro beliches sem distanciamento e com colchões sem travesseiros e lençóis.

    Imagem captada de dentro de um 'abrigo anti-Covid' na Venezuela
    Imagem captada de dentro de um ‘abrigo anti-Covid’ na Venezuela
    Foto: CNN Brasil

    No banheiro, o chão está alagado pela água que volta do vaso sanitário, onde a descarga tem que ser acionada com um balde com uma água amarelada que sai do chuveiro. “E aqui não há nem luz. São 5h45 da tarde e não há luz.”, narra Douglas em uma das gravações quase no escuro.

    Imagem captada de dentro de um 'abrigo anti-Covid' na Venezuela
    Imagem captada de dentro de um ‘abrigo anti-Covid’ na Venezuela
    Foto: CNN Brasil

    Em outra denúncia, são mostradas pessoas comendo suas refeições com as mãos, porque não teria sido dado talheres a todos. Há registros de crianças pequenas também no local. A reportagem entrou em contato com o Governo da Venezuela e aguarda retorno sobre as denúncias.