Jatos russos e sírios bombardeiam norte da Síria após ofensiva de rebeldes
Moradores disseram que um dos ataques atingiu uma área residencial no centro de Idlib, a maior cidade em um enclave de domínio dos rebeldes perto da fronteira com a Turquia
Jatos russos e sírios atacaram a cidade de Idlib, neste domingo (1º), no segundo dia de bombardeios intensivos no norte da Síria, com o objetivo de repelir insurgentes que tomaram grande parte da cidade de Aleppo.
Moradores disseram que um dos ataques atingiu uma área residencial no centro de Idlib, a maior cidade em um enclave de domínio dos rebeldes perto da fronteira com a Turquia, onde cerca de quatro milhões de pessoas vivem em tendas e moradias improvisadas.
Pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, de acordo com equipes de resgate no local.
O Exército sírio e sua aliada Rússia dizem que têm como alvo os esconderijos de insurgentes e negam atacar civis.
No sábado (30), jatos russos e sírios bombardearam outras cidades na província de Idlib, que caiu completamente sob controle rebelde no ataque mais ousado em anos de uma guerra civil onde as linhas de frente estavam praticamente congeladas desde 2020.
Insurgentes invadiram a cidade de Aleppo, a leste da província de Idlib, na noite de sexta-feira (29), forçando o Exército a se remobilizar, no maior desafio ao presidente Bashar al-Assad em anos.
O Exército sírio disse que dezenas de seus soldados foram mortos no ataque.
Neste domingo (1º), o Exército disse que havia recapturado várias cidades que tinham sido invadidas nos últimos dias por rebeldes.
Os rebeldes são uma coalizão de grupos armados seculares tradicionais apoiados pela Turquia, juntamente com o Hyat Tahrir al Sham, um grupo islâmico que é a força militar mais potente da oposição.
Hyat Tahrir al Sham é designado um grupo terrorista pelos EUA, Rússia, Turquia e outros países. Assad é um aliado próximo de Moscou.
A guerra, que matou centenas de milhares de pessoas e deslocou muitos milhões, continua desde 2011 sem um fim formal. Mas a maioria dos combates principais parou anos atrás, depois que o Irã e a Rússia ajudaram o governo de Assad a ganhar o controle da maioria das terras e de todas as principais cidades.
Civis deixam Aleppo
Dentro da cidade de Aleppo, as ruas estavam quase vazias e muitas lojas estavam fechadas neste domingo, já que moradores assustados ficaram em casa. Ainda há um fluxo pesado de tráfego de civis que estavam deixando a cidade, disseram testemunhas e moradores.
As tropas sírias que haviam se retirado da cidade estavam se reagrupando e reforços também estavam sendo enviados para ajudar na contraofensiva, disseram fontes do Exército.
Aleppo estava firmemente controlada pelo governo desde a vitória em 2016, um dos principais pontos de virada da guerra, quando forças sírias apoiadas pela Rússia sitiaram e devastaram áreas controladas pelos rebeldes no leste daquela que era a maior cidade do país.
Os rebeldes disseram neste domingo que avançaram mais ao sul da cidade e capturaram a cidade de Khansir em uma tentativa de cortar a principal rota de suprimentos do Exército para a cidade de Aleppo.
Fontes rebeldes disseram que também capturaram a propriedade Sheikh Najjar, uma das principais zonas industriais do país.
O Irã enviou milhares de milícias xiitas para a Síria durante a guerra e, junto com a Rússia, com seu poder aéreo, permitiu que Assad esmagasse a insurgência e recuperasse a maior parte de seu território.
A falta dessa força-tarefa para ajudar a frustrar o ataque rebelde nos últimos dias contribuiu para a rápida retirada das forças do Exército sírio, de acordo com duas fontes do Exército. Milícias aliadas ao Irã, lideradas pelo Hezbollah, têm uma forte presença na área de Aleppo.
Israel também intensificou nos últimos meses seus ataques às bases iranianas na Síria, ao mesmo tempo em que realiza uma ofensiva no Líbano, o que, segundo ele, enfraqueceu o Hezbollah e suas capacidades militares.