Japão enforca três presos condenados à morte em primeiras execuções desde 2019
Episódio marca também a primeira vez em que penas relacionadas ao corredor da morte são cumpridas sob o governo do primeiro-ministro Fumio Kishida, eleito em outubro
O Japão executou três presos no corredor da morte por enforcamento, nesta terça-feira (21), marcando as primeiras execuções que o país realiza desde 2019 – as primeiras sob o primeiro-ministro Fumio Kishida.
Um dos condenados à morte foi Yasutaka Fujishiro, 65, que assassinou sete pessoas, incluindo sua tia e vizinhos em 2004, segundo o Ministério da Justiça do Japão.
Os outros dois, Tomoaki Takanezawa, 54, e Mitsunori Onogawa, 44, mataram dois funcionários em casas de pachinko (jogos de azar) em 2003, confirmou o Ministério da Justiça.
“Esses são casos extremamente brutais, tirando vidas preciosas por motivos egoístas. Acho que esses são incidentes terríveis não apenas para as vítimas que perderam suas vidas, mas também para famílias enlutadas”, disse o ministro da Justiça, Yoshihisa Furukawa, em entrevista coletiva.
Todas as execuções no Japão são realizadas por enforcamento.
Os prisioneiros muitas vezes ficam sabendo de sua execução poucas horas antes da hora marcada.
Suas famílias geralmente são notificadas sobre a execução somente depois que ela termina, de acordo com o grupo de direitos humanos Anistia Internacional.
O uso da pena de morte pelo Japão – e a maneira como é aplicada – há muito irrita grupos de direitos humanos e ativistas que trabalham para abolir a prática.
“A recente nomeação do primeiro-ministro Fumio Kishida foi uma chance de progresso em direitos humanos no Japão. Mas a repulsiva retomada das execuções de hoje é uma condenação da falta de respeito do governo pelo direito à vida”, disse Chiara Sangiorgio, conselheira da Anistia Internacional, em resposta às execuções desta terça-feira.
“Depois de dois anos sem execuções, parece que foi uma oportunidade perdida para o Japão de tomar medidas há muito atrasadas para abolir a prática cruel da pena de morte”, complementou.
O Japão é um dos poucos países que continua a usar a pena de morte – entre as democracias industrializadas, apenas partes dos Estados Unidos usam essa prática.
A Anistia repetidamente apelou ao Japão para estabelecer uma moratória oficial imediata sobre todas as execuções como um primeiro passo para a abolição total.
Em novembro, dois presos no corredor da morte entraram com uma ação contra o governo, exigindo que mudasse a prática e buscando indenização pelo impacto da prática “desumana”, segundo a agência Reuters.
O Japão resistiu aos apelos para mudar e há muitos no país que apoiam a pena de morte.
“A abolição da pena de morte é uma questão importante relacionada à fundação do sistema de justiça criminal japonês”, disse o vice-chefe do gabinete, Seiji Kihara, em entrevista coletiva.
“Não é fácil decidir sobre a pena de morte, mas considerando que esses crimes ainda estão acontecendo, não acredito que seja apropriado abolir a pena de morte”, concluiu.
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