Jacinda Ardern é reeleita primeira-ministra da Nova Zelândia
Com 87% das urnas apuradas, Partido Trabalhista de Jacinda aparece com 48,9% dos votos; principal opositor, o Partido Nacional, está com 27% dos votos
Jacinda Ardern foi reeleita para um segundo mandato como primeira-ministra da Nova Zelândia neste sábado (17). A forma como ela conduziu o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no país foi um dos fatores que ajudou a garantir seu triunfo.
Com 87% dos votos computados, o centro-esquerdista Partido Trabalhista, de Jacinda, aparece com 48,9% dos votos, o melhor resultado que qualquer partido já alcançou desde que o sistema político atual foi introduzido no país, em 1996.
“Esta noite, a Nova Zelândia mostrou ao Partido Trabalhista seu maior apoio em pelo menos 50 anos”, disse Jacinda em seu discurso da vitória na noite deste sábado (hora local), quando se referiu aos tempos difíceis que a Nova Zelândia terá pela frente. “E posso prometer-lhe: seremos um partido que governa para todos os neozelandeses.”
Governos formados por coalizões são comuns na Nova Zelândia, onde nenhum partido jamais obteve a maioria dos votos no sistema atual.
O principal partido opositor, o Partido Nacional, de centro-direita, está com 27% dos votos, uma forte queda em comparação com os 44% da última eleição. Este provavelmente será o pior resultado do partido desde 2002.
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A líder do Partido Nacional, Judith Collins, disse que ligou para Jacinda para admitir a derrota e parabenizá-la por um “resultado notável” para o Partido Trabalhista.
Os resultados finais serão divulgados em três semanas, assim que os votos especiais – incluindo os de neozelandeses que vivem no exterior – forem contabilizados.
A apuração preliminar também mostra uma grande oscilação para a esquerda, com o Partido Trabalhista obtendo um aumento significativo em comparação com os 37% dos votos da última eleição, enquanto seu atual parceiro de coalizão, o Partido Verde, está com 7,6%, contra 6,3% da eleição anterior.
A provável reeleição de Jacinda foi impulsionada por sua abordagem dura para lidar com o novo coronavírus, que ajudou a Nova Zelândia a evitar o surto devastador visto em outros lugares.
O país foi um dos primeiros a fechar suas fronteiras e Jacinda anunciou um bloqueio nacional em março, quando tinha apenas 102 casos. Ao todo, a Nova Zelândia relatou menos de 2.000 casos ttais e 25 mortes desde o início da pandemia.
No início do ano, as pesquisas sugeriam que o Partido National e o Partido Trabalhista teriam uma eleição muito disputada. Jacinda tinha enorme popularidade internacional, mas em seu país alguns estavam desapontados com a falta de progresso em suas promessas importantes, incluindo a abordagem do supervalorizado mercado imobiliário.
Mas tudo mudou durante a pandemia. O apoio a Jacinda disparou, mesmo com a Nova Zelândia registrando seu maior declínio econômico trimestral já registrado e com um segundo surto na maior cidade do país, Auckland, levou a primeira-ministra a adiar a eleição em um mês.
O que esperar do 2º mandato de Jacinda?
Quando Jacinda Ardern se tornou primeira-ministra em 2017, aos 37 anos, ela era a terceira líder feminina da Nova Zelândia e uma das líderes mais jovens do mundo. Depois de um ano no cargo, ela deu à luz sua primeira filha, se tornando apenas a segunda líder mundial a ter um bebê enquanto estava no cargo.
Ela também ganhou elogios por sua maneira empática de lidar com grandes crises. Após o ataque terrorista de 2019 a duas mesquitas de Christchurch, que deixou 51 pessoas mortas, ela introduziu mudanças rápidas na lei sobre armas e vestiu um hijab quando se reuniu com a comunidade muçulmana local.
Depois que a White Island, uma ilha vulcânica ativa freqüentada por turistas, entrou em erupção em dezembro, matando 21 pessoas, Jacinda esteve rapidamente no local, abraçando os socorristas.
Mas embora tenha prometido liderar um governo de “transformação”, seus críticos argumentam que ela não fez o suficiente para lidar com a desigualdade, a pobreza infantil, as mudanças climáticas e o mercado imobiliário.
Jacinda parece determinada a enfrentar outro mandato difícil pela frente, enquanto tenta resolver essas questões e conduz o país através das consequências econômicas da pandemia do novo coronavírus. Mas os analistas políticos não esperam políticas emblemáticas. Em vez disso, preveem que ela continuará fazendo mudanças incrementais.
(Com informações de Julia Hollingsworth, da CNN)