Israel mata quatro médicos em ataque a hospital no norte de Gaza, dizem testemunhas
As tropas de Israel também obrigaram trabalhadores da saúde e pacientes a deixar a instalação
Quatro médicos foram mortos no Hospital Kamal Adwan, no norte da Faixa de Gaza, na sexta-feira (6), após forças israelenses invadirem o complexo, matando e ferindo dezenas de pessoas nas áreas ao redor, disseram testemunhas à CNN.
As tropas de Israel também obrigaram trabalhadores da saúde e pacientes a deixar a instalação e destruíram suprimentos médicos essenciais, de acordo com um comunicado do Dr. Hussam Abu Saifya, diretor do hospital.
Nas primeiras horas de sexta-feira, o Exército israelense enviou dois mensageiros à paisana para o hospital, que usaram um megafone para pedir que as pessoas se retirassem do local, acrescentou Abu Saifya. O exército deteve um “grande número” de jovens durante o ataque de duas horas, incluindo trabalhadores da saúde e palestinos que haviam buscado refúgio, disse Abu Saifya.
Drones israelenses dispararam uma “barragem de fogo intenso e direto”, enquanto veículos militares cercavam a instalação, recordou Abu Saifya, antes de agrupar pacientes, pessoas deslocadas e trabalhadores da saúde no pátio e forçá-los a seguir para um posto de controle mais ao sul, em direção à Cidade de Gaza.
“Inicialmente, houve uma série de ataques aéreos nos lados norte e oeste do hospital, acompanhados por fogo intenso e direto”, disse Abu Saifya em um comunicado. “Eles se aproximaram de mim e me ordenaram a retirar todos os pacientes, pessoas deslocadas e a equipe médica, reunindo todos no pátio do hospital e levando-os à força para o posto de controle.”
Membros de uma delegação médica indonésia – a única equipe realizando cirurgias no Kamal Adwan – estavam entre os forçados a deixar o local e não foram autorizados a retornar, segundo Abu Saifya.
O ataque de sexta-feira foi o segundo desse tipo realizado pelo exército israelense desde que as forças iniciaram uma incursão renovada em três cidades no norte de Gaza no início de outubro, destruindo ruas inteiras, gerando fome severa e impedindo as equipes de emergência de resgatar as pessoas feridas pelo ataque.
Mais de 3.700 palestinos foram mortos lá, de acordo com o Escritório de Mídia do Governo de Gaza (GMO). Outras 10 mil pessoas ficaram feridas, informou o GMO na segunda-feira (2).
Horas depois, as Forças de Defesa de Israel (IDF) se retiraram de uma das últimas instalações funcionais no norte de Gaza. Funcionários e pacientes do hospital saíram do local para encontrar centenas de corpos e pessoas feridas nas ruas ao redor, acrescentou Abu Saifya.
Uma foto postada por Abu Saifya nas redes sociais mostrou pelo menos 17 corpos, deitados no pátio do hospital. Outras 20 pessoas ficaram feridas e “necessitando de cuidados urgentes”, disse ele. O exército israelense danificou gravemente os geradores de oxigênio durante a noite, informou Abu Saifya à CNN, dizendo que agora há apenas dois cirurgiões “inexperientes” disponíveis para administrar cuidados essenciais no hospital.
Pelo menos 30 pessoas foram mortas pelos bombardeios israelenses em casas ao redor do Kamal Adwan durante a noite, de acordo com o Dr. Munir Al Bursh, diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza.
Na quinta-feira (5), um drone israelense atingiu e matou um menino de 16 anos em um ataque separado, enquanto ele estava entrando no departamento de raios-X do hospital em uma cadeira de rodas, disse Abu Saifya à CNN.
A CNN entrou em contato com o exército israelense para comentar sobre as alegações de Abu Saifya.
Pelo menos 1.050 trabalhadores da saúde foram mortos desde que Israel iniciou sua guerra em Gaza após os ataques de 7 de outubro de 2023, liderados pelo Hamas, de acordo com o Ministério da Saúde em Ramallah. O exército israelense iniciou uma incursão renovada em três cidades no norte de Gaza em 5 de outubro deste ano, alegando que está visando a presença renovada do Hamas na área.