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    Israel mata 200 pessoas na Faixa de Gaza em um dia, dizem autoridades de saúde

    Além disso, ONU disse que iria suspender entregas de ajuda através da principal travessia do território após caminhões serem roubados

    Ibrahim DahmanAbeer SalmanCaitlin DanaherHanna Ziadyda CNN

    Ao menos 200 pessoas foram mortas em ataques aéreos israelenses no norte da Faixa de Gaza no sábado (30), de acordo com autoridades de saúde, enquanto a ONU afirmou que interromperia entregas de ajuda pela principal travessia do território depois que mais caminhões foram roubados.

    Esses acontecimentos ressaltam a piora da situação humanitária em Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas foram mortas pelos militares israelenses e a fome crônica ameaça a população civil.

    Na sexta-feira (29), duas crianças e uma mulher foram esmagadas até a morte enquanto tentavam comprar comida em uma padaria no centro de Gaza.

    Falando à CNN neste domingo (1°), o doutor Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, disse que cinco prédios que abrigam mais de 200 pessoas foram atingidos nas áreas de Tal Al Zaatar e Beit Lahiya, no norte de Gaza.

    “Eles estavam pedindo ajuda, e qualquer um que tentasse ajudar era bombardeado. Infelizmente, os pedidos de ajuda desapareceram; eles foram mortos”, afirmou Abu Safiya.

    O ataque em Tel Al Zaatar deixou mais de 100 pessoas sob os escombros, com apenas uma resgatada.

    “Esta cena se tornou uma ocorrência diária, e ninguém é responsabilizado; ninguém pode impedir a matança de pessoas inocentes”, alegou o doutor.

    O porta-voz da Defesa Civil de Gaza afirmou que mais de 40 pessoas pertencentes à família “Al-Araj” foram mortas em um único ataque a um prédio no bairro de Tel Al Zaatar.

    A CNN entrou em contato com as Forças de Defesa de Israel (FDI) para obter mais comentários sobre o alvo dos ataques e as medidas tomadas para mitigar as baixas civis e aguarda retorno.

    De acordo com o Ministério da Saúde em Gaza, pelo menos 44.429 pessoas foram mortas e mais de 105 mil ficaram feridas no território palestino desde o início da guerra no ano passado.

    Acredita-se que o número seja inferior à realidade, já que grande parte do norte de Gaza é inacessível e muitas vítimas nunca chegam a um hospital para serem contadas.

    ONU interrompe entregas de ajuda

    Tamém houve roubo de caminhões que transportavam alimentos e outros suprimentos para a Faixa de Gaza, o que fez com que a agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) interrompesse as entregas de ajuda pelo principal ponto de passagem entre Israel e o enclave.

    A “difícil decisão” de interromper as entregas por Kerem Shalom ocorre em um momento em que “a fome está se aprofundando rapidamente”, alertou o chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, neste domingo (30).

    A medida foi tomada depois que “alguns caminhões de comida” foram “tomados” na rota no sábado, ele escreveu no X. Uma fonte envolvida na transferência de ajuda dentro de Gaza disse à CNN que mais cinco caminhões carregados com farinha foram roubados perto da travessia neste domingo.

    “A estrada que sai desta travessia não é segura há meses”, observou Lazzarini em sua postagem, referindo-se a um caso em 16 de novembro, quando quase 100 caminhões de ajuda foram roubados por gangues armadas no que a UNRWA descreveu como “um dos piores” incidentes desse tipo.

    A operação humanitária em Gaza se tornou “desnecessariamente impossível”, ele acrescentou, afirmando que há obstáculos das autoridades israelenses e decisões políticas para restringir as quantidades de ajuda.

    Lazzarini enfatizou que Israel, como potência ocupante, era responsável pela proteção dos trabalhadores humanitários e suprimentos. As autoridades israelenses “devem garantir que a ajuda flua para Gaza com segurança e devem se abster de ataques a trabalhadores humanitários”, advertiu.

    A COGAT, agência israelense responsável por aprovar ajuda para Gaza, ressaltou que “dezenas” de outras organizações humanitárias continuam entregando suprimentos para as pessoas no enclave.

    “Na semana passada, mais de 1.000 caminhões carregando ajuda humanitária foram coletados de várias travessias e distribuídos por toda a Faixa de Gaza”, acrescentou a agência em uma declaração compartilhada com a CNN.

    “Continuaremos trabalhando com a comunidade internacional para aumentar a quantidade de ajuda que chega a Gaza, através da travessia de Kerem Shalom, bem como as outras quatro travessias entre Israel e Gaza”, concluíram.

    Entenda o conflito na Faixa de Gaza

    Israel realiza intensos ataques aéreos na Faixa de Gaza desde o ano passado, após o Hamas ter invadido o país e matado 1.200 pessoas, segundo contagens israelenses. Além disso, o grupo radical mantém dezenas de reféns.

    O Hamas não reconhece Israel como um Estado e reivindica o território israelense para a Palestina.

    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu diversas vezes destruir as capacidades militares do Hamas e recuperar as pessoas detidas em Gaza.

    Além da ofensiva aérea, o Exército de Israel faz incursões terrestres no território palestino. Isso fez com que grande parte da população de Gaza fosse deslocada.

    A ONU e diversas instituições humanitárias alertaram para uma situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza, com falta de alimentos, medicamentos e disseminação de doenças.

    A população israelense faz protestos constantes contra Netanyahu, acusando o premiê de falhar em fazer um acordo de cessar-fogo para os reféns sejam libertados. 

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    Abeer Salman, da CNN, contribuiu com a reportagem

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