Iraquianos votam em eleição parlamentar, mas baixo comparecimento reflete apatia
As máquinas de contagem de votos nas assembleias não mostraram mais do que 25% de comparecimento ao final da votação de domingo
A contagem dos votos segue em andamento no Iraque nesta segunda-feira (11), um dia depois de um comparecimento com recorde de baixa em uma eleição parlamentar, refletindo o que muitos iraquianos disseram ser uma perda de fé no processo democrático e na classe política do país.
A participação nas eleições de domingo foi de 41%, disse a comissão eleitoral. O menor comparecimento foi em Bagdá, com entre 31% e 34%.
As máquinas de contagem de votos e comparecimento nas assembleias que a Reuters visitou em Bagdá não mostraram mais do que 25% de comparecimento ao final da votação de domingo. A contagem da comissão foi anunciada 12 horas depois.
A votação de domingo foi realizada em resposta aos protestos em massa em 2019 que exigiam empregos, serviços, a remoção dos partidos governantes do Iraque e a revisão do sistema político. Forças de segurança e milícias mataram centenas de manifestantes em uma repressão brutal aos protestos.
O país realizou cinco eleições parlamentares desde a invasão do Iraque liderada pelos EUA em 2003, que derrubou o ditador Saddam Hussein, mas a maioria dos iraquianos comuns diz que suas vidas não melhoraram mesmo durante a relativa paz desde a derrota do Estado Islâmico em 2017.
Grande parte da infraestrutura do Iraque está em mau estado e não há saúde, educação e serviços básicos adequados, especialmente eletricidade.
Os primeiros resultados das eleições são esperados na segunda-feira.
O movimento liderado pelo clérigo populista xiita Moqtada al-Sadr, que se opõe a toda interferência estrangeira e cujos principais rivais são grupos xiitas aliados do Irã, está emergindo como o maior partido único no parlamento.
Autoridades iraquianas, diplomatas estrangeiros e analistas esperam que os partidos apoiados pelo Irã, acusados de envolvimento na morte de manifestantes em 2019, percam algumas das cadeiras.
Tal resultado não alteraria dramaticamente o equilíbrio de poder no Iraque ou no Oriente Médio em geral, dizem eles.
Os Estados Unidos, os árabes do Golfo e Israel de um lado e o Irã do outro competem para influenciar o Iraque, o que fornece a Teerã uma porta de entrada para apoiar aliados armados na Síria e no Líbano.
A invasão de 2003 derrubou Saddam Hussein, um muçulmano sunita, e catapultou para o poder a maioria dos xiitas e curdos, oprimidos pelo autocrata. Isso desencadeou anos de violência sectária, incluindo a conquista de um terço do país pelo Estado Islâmico entre 2014 e 2017.