Irã quer conter consequências sobre resposta a Israel e não será precipitado
Informação foi dada por fontes iranianas a Washington
O Irã sinalizou para Washington que responderá ao ataque de Israel à sua embaixada na Síria de forma a evitar uma escalada maior e que não agirá precipitadamente, conforme o governo iraniano pressiona por demandas que incluem uma trégua em Gaza, disseram fontes iranianas.
A mensagem do Irã para os Estados Unidos foi transmitida pelo ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amirabdollahian, durante uma visita no domingo a Omã, Estado do Golfo Arábico, que muitas vezes atuou como intermediário entre Teerã e Washington, disseram as fontes.
Um porta-voz da Casa Branca se recusou a comentar sobre quaisquer mensagens do Irã, mas disse que os Estados Unidos comunicaram a Teerã que não estavam envolvidos no ataque à embaixada.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã não estava imediatamente disponível para comentar. O governo de Omã não respondeu imediatamente às perguntas por email para comentar o assunto, enviadas durante o feriado muçulmano do Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadã.
Uma fonte familiarizada com a inteligência dos EUA não estava ciente da mensagem transmitida por Omã, mas disse que o Irã “deixou bem claro” que sua resposta ao ataque ao complexo da embaixada em Damasco seria “controlada” e “não escalonada” e que planejava “usar aliados regionais para lançar vários ataques contra Israel”.
As mensagens diplomáticas indicam uma abordagem cautelosa por parte do Irã, que está avaliando como responder ao ataque de 1º de abril de forma a dissuadir Israel de outras ações desse tipo, mas evitando uma escalada militar que poderia envolver os Estados Unidos.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse na quarta-feira (10), que Israel “precisa ser punido e será” pelo ataque em Damasco, afirmando que isso equivale a um ataque em solo iraniano. Israel não confirmou que foi o responsável, mas o Pentágono afirmou que sim.
O ataque, que matou um importante general iraniano, marcou uma escalada na violência que se espalhou pela região desde o início da guerra em Gaza. O governo do Irã tem evitado cuidadosamente qualquer papel direto na propagação regional, ao mesmo tempo em que apoia grupos que realizaram ataques partindo do Iraque, Iêmen e Líbano.
As milícias muçulmanas xiitas apoiadas pelo Irã não atacam as tropas dos EUA na Síria e no Iraque desde o início de fevereiro.
Uma das fontes iranianas não descartou a possibilidade de os membros do chamado Eixo de Resistência, apoiado pelo Irã, atacarem Israel a qualquer momento — uma opção que os analistas apontaram como um possível meio de represália.
As fontes disseram que Amirabdollahian, em suas reuniões em Omã, sinalizou a disposição de Teerã de reduzir a escalada, desde que as exigências sejam atendidas, incluindo um cessar-fogo permanente em Gaza — algo que Israel descartou, pois busca eliminar o Hamas.
As fontes disseram que o Irã também buscou a retomada das negociações sobre seu programa nuclear. Essas conversas estão paralisadas há quase dois anos, com os dois lados se acusando mutuamente de fazer exigências irracionais.
Teerã também buscou garantias de que os Estados Unidos não se envolveriam no caso de um “ataque controlado” a Israel por parte do Irã — uma exigência que os Estados Unidos rejeitaram em uma resposta entregue via Omã, disseram as fontes.
Os ataques retaliatórios do Irã seriam “não escalonados” em relação aos Estados Unidos, “já que eles não querem que os EUA se envolvam”, disse a fonte familiarizada com a inteligência dos EUA, indicando que o Irã não direcionaria seus alidados na Síria e no Iraque para atingir as forças americanas nesses países.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na quarta-feira que o Irã estava ameaçando lançar um “ataque significativo em Israel”, e que ele havia dito a Netanyahu que “nosso compromisso com a segurança de Israel contra essas ameaças do Irã e de seus aliados é inabalável”.
Israel disse que responderia a qualquer ataque do Irã.
“Se o Irã atacar de seu território, Israel responderá e responderá o ataque”, disse o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, em uma publicação na plataforma de mídia social X em farsi e hebraico na quarta-feira.