Irã promete usar “todas as ferramentas” para responder a ataque israelense
Chanceler iraniano afirma que retaliação será "eficaz e definitiva"
Teerã “usará todas as ferramentas disponíveis” para responder ao ataque de Israel no fim de semana contra alvos militares no Irã, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmaeil Baghaei, nesta segunda-feira (28).
O Irã minimizou o ataque aéreo de Israel no sábado (26), dizendo que causou apenas danos limitados, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu a interrupção da escalada que levantou temores de uma conflagração total no Oriente Médio.
Falando em uma entrevista coletiva semanal televisionada, Baghaei disse: “(O Irã) usará todas as ferramentas disponíveis para dar uma resposta definitiva e eficaz ao regime sionista (Israel)”.
A natureza da resposta do Irã depende da natureza do ataque israelense, Baghaei acrescentou, sem dar mais detalhes.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse no domingo (27) que as autoridades iranianas devem determinar a melhor forma de demonstrar o poder do Irã a Israel, acrescentando que o ataque de Israel não deve “ser minimizado nem exagerado”.
Dezenas de jatos israelenses completaram três ondas de ataques antes do amanhecer no sábado contra fábricas de mísseis e outros locais perto de Teerã e no oeste do Irã, disseram os militares israelenses.
Os dois antagonistas fortemente armados se envolveram em um ciclo de movimentos de retaliação uns contra os outros por meses, com o ataque de sábado ocorrendo após uma barragem de mísseis iranianos em 1º de outubro, muitos dos quais Israel disse terem sido derrubados por suas defesas aéreas.
O Irã apoia o Hezbollah, que está envolvido em combates pesados com as forças israelenses no Líbano, e também o grupo militante palestino Hamas, que está lutando contra Israel na Faixa de Gaza.
Entenda a escalada nos conflitos do Oriente Médio
O ataque com mísseis do Irã a Israel no dia 1º de outubro marcou uma nova etapa do conflito regional no Oriente Médio. De um lado da guerra está Israel, com apoio dos Estados Unidos. Do outro, o Eixo da Resistência, que recebe apoio financeiro e militar do Irã e que conta com uma série de grupos paramilitares.
São sete frentes de conflito abertas atualmente: a República Islâmica do Irã; o Hamas, na Faixa de Gaza; o Hezbollah, no Líbano; o governo Sírio e as milícias que atuam no país; os Houthis, no Iêmen; grupos xiitas no Iraque; e diferentes organizações militantes na Cisjordânia.
Israel tem soldados em três dessas frentes: Líbano, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Nas outras quatro, realiza bombardeios aéreos.
O Exército israelense iniciou uma “operação terrestre limitada” no Líbano no dia 30 de setembro, dias depois de Israel matar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bombardeio ao quartel-general do grupo, no subúrbio de Beirute.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que mataram praticamente toda a cadeia de comando do Hezbollah em bombardeios semelhantes realizados nas últimas semanas.
No dia 23 de setembro, o Líbano teve o dia mais mortal desde a guerra de 2006, com mais de 500 vítimas fatais.
Ao menos dois adolescentes brasileiros morreram nos ataques. O Itamaraty condenou a situação e pediu o fim das hostilidades.
Com o aumento das hostilidades, o governo brasileiro anunciou uma operação para repatriar brasileiros no Líbano.
Na Cisjordânia, os militares israelenses tentam desarticular grupos contrários à ocupação de Israel ao território palestino.
Já na Faixa de Gaza, Israel busca erradicar o Hamas, responsável pelo ataque de 7 de outubro que deixou mais de 1.200 mortos, segundo informações do governo israelense. A operação israelense matou mais de 40 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde do enclave, controlado pelo Hamas.
O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto pelo Exército israelense no dia 16 de outubro, na cidade de Rafah.