Irã é capaz de desenvolver material para arma nuclear em 1 ou 2 semanas, diz Blinken
Secretário de Estado reforçou que política norte-americana é impedir que Irã obtenha arma nuclear
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse na sexta-feira (19) que o tempo de arranque – a quantidade de tempo em que um país poderia produzir material suficiente adequado para o desenvolvimento de armas nucleares – do Irã “agora é provavelmente de uma ou duas semanas”, uma vez que Teerã continuou a desenvolver o seu programa nuclear.
A avaliação marca o menor tempo de arranque já mencionado pelas autoridades norte-americanas e ocorre num momento em que o Irã tomou medidas nos últimos meses para aumentar a sua produção de material físsil – aquele que sustenta a reação em cadeia de fissão nuclear.
“A situação atual não é boa”, disse o principal diplomata dos EUA no Fórum de Segurança de Aspen, na sexta.
“O Irã, uma vez que o acordo nuclear foi cancelado, em vez de estar a pelo menos um ano de ter a capacidade de produzir material físsil para uma arma nuclear, está agora provavelmente a uma ou duas semanas de o conseguir”, disse ele.
“Eles não produziram uma arma propriamente dita, mas isso é algo que, claro, acompanhamos com muito, muito cuidado”, acrescentou Blinken.
Blinken disse que a política dos EUA é impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear, e que a administração preferiria evitar que isso acontecesse através da diplomacia.
Há mais de um ano, um alto funcionário do Departamento de Defesa dos EUA disse que o Irã poderia agora produzir “o equivalente a uma bomba de material físsil” em “cerca de 12 dias”.
A administração Biden está envolvida há mais de um ano em negociações indiretas com o Irã destinadas a relançar o seu acordo nuclear, do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018 sob a administração Trump.
Esses esforços falharam no final de 2022, quando os Estados Unidos acusaram o Irã de fazer exigências “irracionais” relacionadas com uma investigação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um órgão de vigilância nuclear da ONU, sobre vestígios inexplicáveis de urânio encontrados em locais iranianos não revelados.
Nos meses seguintes, a administração sustentou que o acordo nuclear com o Irã “não estava na agenda”.
O novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, sugeriu que estão abertos ao diálogo com o Ocidente.
No entanto, um alto funcionário do Departamento de Estado disse à CNN Internacional que já não acreditam que possa haver um regresso ao acordo nuclear porque o Irã se envolveu em variados atos de escalada nos anos desde que as negociações foram interrompidas.
“Estamos num mundo muito diferente, muito tempo se passou, o Irã fez muitas coisas que tornam inviável o regresso ao acordo”, disse o responsável.
O Departamento de Estado afirmou ainda que não se espera que as recentes eleições no Irã mudem o comportamento do país.
“Não temos expectativas de que estas eleições conduzam a uma mudança fundamental na direção do Irã ou nas suas políticas”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, no início deste mês.
“Em última análise, não é o presidente quem tem a palavra final sobre o futuro da política iraniana. Ele é o líder supremo e, claro, vimos a direção que escolheu para levar o Irã. Obviamente, se o novo presidente tivesse autoridade para tomar medidas para reduzir o programa nuclear do Irã, parar de financiar o terrorismo, parar de [inlfuenciar] atividades desestabilizadoras na região, essas seriam medidas que saudaríamos. Mas nem é preciso dizer que não temos expectativa de que isso aconteça.”