“Interesse da Venezuela é por dinheiro”, diz especialista sobre disputa de Essequibo
Presidente venezuelano Nicolás Maduro e o líder da Guiana, Irfaan Ali, se reúnem nesta quinta-feira (14)
“O interesse da Venezuela é por dinheiro”, disse o especialista em América Latina, Felippe Ramos, em entrevista à CNN, sobre a disputa de Essequibo. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, se reúne nesta quinta-feira (14) com o líder venezuelano Nicolás Maduro, em meio à crise entre os dois países.
“A Venezuela, em crise econômica, teve uma redução de sua produção petroleira e tem bastante interesse no tipo de petróleo que é encontrado em Essequibo, que é um petróleo complementar aos encontrados (em território) venezuelano”, afirma Ramos.
O especialista destaca que Maduro e Ali chegam a reunião desta quinta-feira (14), em São Vicente e Granadinas, como posições já definidas.
Maduro quer negociar o território com a Guiana e com as empresas petroleiras que já atuam na região. Enquanto Ali diz que essa é uma questão já definida pelo Tribunal Internacional de Justiça e que está aberto a falar sobre qualquer outro assunto.
Ramos ressalta que a presença de agentes internacionais é fundamental nas negociações, mas ao mesmo tempo traz complexidade a uma possível guerra.
“Esse conflito entre Venezuela e Guiana poderia trazer algo a níveis de complexidade do Oriente Médio para a América do Sul, pela quantidade de atores internacionais envolvidos e pela complexidade de seus interesses”, diz Ramos.
A população da Venezuela pode ser comparada com a população do estado de São Paulo. Já a Guiana se compara ao tamanho da cidade do interior paulista, São José dos Campos. Ramos reforça que mediadores, como o Brasil, são essenciais para que haja uma negociação de igualdade.
Eleições na Venezuela
Especialistas apontam que o movimento de Maduro é também uma forma de tirar a atenção das eleições para presidente na Venezuela.
“Maduro não tem interesse em realizar eleições livres, justas e competitivas. Maria Corina Machado, que é líder da oposição – que ganhou as primárias – está ainda banida de participar das eleições”, afirma Ramos.
Segundo o especialista, o discurso de segurança nacional está sendo utilizado pelo judiciário local – controlado pelo Maduro – para perseguir opositores.
“Uma vez que existe um conflito potencial militarmente com a Guiana, é possível adotar uma doutrina de segurança nacional para poder fazer essa oposição a opositores”, afirma.