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    Inteligência dos EUA aponta operação para “limpar” imagem russa

    Documento afirma que ocidentais operam para o ajudar o Kremlin sem saber do seu papel

    Katie Bo Lillisda CNN , Washington

    Os serviços de inteligência da Rússia usam um programa sistemático para promover a propaganda pró-Kremlin. Eles aproveitam relações privadas entre agentes russos e alvos dos EUA e de países ocidentais que desconhecem seu papel. Isso é o que afirma um documento dos serviços de inteligência dos EUA recentemente revelados.

    As agências americanas acreditam que o Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB) está tentando influenciar as políticas e a opinião públicas no Ocidente, fazendo com que civis russos estabeleçam relações com indivíduos influentes dos EUA e ocidentais e depois disseminem narrativas que apoiam os objetivos do Kremlin.

    Ao mesmo tempo, eles disfarçam o papel do FSB através de camadas de atores independentes.

    “As operações de influência são concebidas para ser algo de pequena escala. O objetivo geral é que as pessoas dos EUA e do Ocidente apresentem essas ideias como aparentemente naturais, orgânicas”, contou uma fonte dos EUA autorizada a discutir o material com a CNN. “As operações de cooptação são construídas principalmente sobre relações pessoais. Eles criam laços de confiança e depois podem aproveitam a relação para forçar secretamente a agenda do FSB”.

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    As campanhas têm conseguido uma certa eficácia ao plantar narrativas russas na imprensa ocidental, de acordo com a inteligência. Maxim Grigoriev, que dirige uma ONG russa, fez vários discursos à ONU apresentando um falso estudo que alegou que o grupo humanitário Capacetes Brancos – que opera na Síria – geria um mercado paralelo de órgãos humanos e tinha falsificado ataques químicos do presidente sírio, Bashar al-Assad, de quem a Rússia é aliada.

    As alegações acabaram chegando numa reportagem do canal de TV da extrema direta dos Estados Unidos, o OANN, de acordo materiais de código aberto apresentados pela fonte.

    A CNN entrou em contato com Grigoriev, mas ainda não obteve resposta.

    No entanto, a fonte ressaltou que as vozes ocidentais que acabaram por se tornar porta vozes da propaganda russa quase certamente desconheciam o papel que desempenharam.

    “No final das contas, o alvo involuntário dissemina a operação de influência russa, ou seja, a propaganda russa para o público alvo”, afirmou a fonte. “Em última análise, muitos são pessoas inconscientes do seu papel, e não sabem que estão semeando tais narrativas”.

    A inteligência fornece vários exemplos de “cooptados” civis russos que ajudam o FSB.

    Andrey Stepanenko fundou um projeto de comunicação social em 2014 que patrocinou jornalistas dos EUA e do Ocidente para visitar o leste da Ucrânia e aprender a suposta verdade sobre o que estava acontecendo na região. Na verdade, o FSB empenhou esforços e “quase certamente financiou o projeto”, de acordo com a inteligência desclassificada.

    A CNN não conseguiu localizar Stepanenko para pedir comentários.

    A autoridade dos EUA também citou Natalia Burlinova, a fundadora de uma ONG russa que coordenava rotineiramente os esforços de diplomacia pública financiados pelo FSB destinados a influenciar as opiniões ocidentais. Em 2018, ela visitou, fez reuniões e organizou eventos em vários grupos de reflexão e universidades dos EUA em Nova York, Boston e Washington. Tudo financiado pelo FSB, de acordo com a inteligência dos EUA. A sua conduta já era pública: ela foi acusada no início de 2023 de conspirar com um oficial do FSB para agir como agente ilegal da Rússia dentro dos Estados Unidos, embora ela permaneça em liberdade na Rússia.

    Em um e-mail para a CNN, Burlinova negou que suas viagens nos EUA em 2018 tenham sido pagas pelo FSB.

    “Todas as despesas de viagem foram financiadas por uma bolsa que recebemos do Presidential Grants Fund, a principal operadora de bolsas da Rússia”, explicou. “O FSB da Rússia não me deu dinheiro para a viagem”.

    A fonte não quis dar detalhes de como o FSB está financiando este tipo de operação, mas observou que, como os agentes conseguiram estabelecer o apoio do FSB, é fácil rastrear as narrativas que estão divulgando materiais.

    “Quando ficamos cientes de quem são essas pessoas e de sua associação com o FSB, da natureza do que estão fazendo, vemos que eles têm imagens muito públicas. Acho que não é muito difícil comandar o jogo”, afirmou.

    A autoridade dos EUA recusou-se a dizer se a Rússia usou as mesmas táticas para tentar influenciar as eleições dos EUA.

    O FSB usa estratégias semelhantes para controlar a opinião política dentro da Rússia, de acordo com a inteligência. Em um caso, uma figura da mídia russa chamada Anton Tsvetkov organizou protestos na frente das embaixadas em Moscou (incluindo a embaixada dos EUA) a pedido do FSB.

    Os protestos ajudaram a apoiar narrativa russa sobre a guerra na Ucrânia, “promovendo a história da ‘Ucrânia nazista’ e culpando os EUA e seus aliados pela morte de crianças no Donbas”, enquanto ocultava o papel do governo russo, de acordo com o documento agora revelado.

    “O objetivo desses protestos foi vender uma ideia ao povo russo”, disse a autoridade dos EUA.

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