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    Inspirada em Bukele, ministra de Milei quer usar Forças Armadas contra crime na cidade mais violenta da Argentina

    Patricia Bullrich disse que irá denunciar toda violência cometida nas ruas como “um ato de terrorismo”

    Luciana Taddeoda CNN

    A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, disse que solicitará o apoio das Forças Armadas do país para conter a criminalidade na cidade portuária de Rosário, a mais violenta da Argentina, e que denunciará toda violência cometida nas ruas como “um ato de terrorismo”.

    Em uma carta aberta à população de Rosário, um dos municípios mais populosos e o mais perigoso do país, a ministra de Javier Milei disse que a cidade é uma das prioridades do governo em relação à segurança e que convocou, em caráter de urgência, um comitê de crise com o governador de Santa Fé, Maximiliano Pullaro e as Forças Federais do país.

    “Vamos tomar as medidas necessárias para que todo episódio de violência perpetrado em via pública ou no interior de lugares públicos seja inicialmente considerado como uma tentativa de aterrorizar a população ou condicionar as autoridades e, por tanto, será denunciado como um ato de terrorismo”, escreveu.

    A ministra afirmou que o governo também prevê solicitar o apoio das Forças Armadas. “Neste contexto, os autores desses crimes podem sofrer o dobro da pena prevista para o crime cometido”, diz, após o assassinato de dois taxistas, em apenas 24 horas, na cidade, nos últimos anos registrou o maior número de homicídios do país

    “Com a lei e a Constituição sempre presentes, não vamos titubear, nem há ameaças que nos amedrontem. Vamos terminar com o terror nas ruas, violência e sangue”, garantiu.

    Nesta semana, Bullrich divulgou imagens de uma operação policial, levada a cabo pelo governo provincial, em um complexo penitenciário onde poderosos traficantes de droga cumprem pena. As imagens, dos prisioneiros semi-nus, com as mãos atadas atrás das costas lembram as das prisões salvadorenhas sob o governo do presidente de El Salvador Nayib Bukele.

    Bullrich já elogiou o chefe de Estado salvadorenho e disse estar interessada em adaptar o modelo aplicado no país centro-americano para lidar com a criminalidade na Argentina. Ela chegou a se encontrar com Bukele na Conferência Política de Ação Conservadora, na qual o salvadorenho e Milei discursaram, há duas semanas, em Washington.

    “Queremos seguir o modelo que vocês estão levando a cabo. Ter diminuído a criminalidade como vocês diminuíram, e ainda suportar as críticas, quando salvaram milhões e milhões de vidas, é realmente incrível. Queremos trabalhar e ver o que fizeram, nós estamos nos esforçando muito e precisamos chegar a esse lugar também”, disse Bullrich para Bukele na ocasião.

    O presidente salvadorenho respondeu se colocando à disposição para ajudar a Argentina: “Estamos às ordens para o que quiserem”, disse ele, que acaba de ser reeleito para um segundo mandato como presidente, e tem alta popularidade no país devido à brusca diminuição da criminalidade. As prisões em massa e arbitrárias, e denúncias de maus tratos nas prisões, no entanto, são alvo de fortes críticas e preocupação de organizações de direitos humanos.

    Alinhado a Bullrich na mão dura, Pablo Cococcioni, que é ministro de Justiça e Segurança da Província de Santa Fé, publicou as fotos dos detentos e escreveu em uma rede social que “cada vez será pior” para eles.

    “Das prisões saem as ordens para tornar a vida dos santafesinos impossível. Acabou o tempo de home office liberado, sem controle e com funcionários penitenciários que eram advertidos se incomodavam os presos. Não vamos retroceder frente a ameaças. (…) os presos estão presos, não vamos aceitar nenhuma extorsão e se não entendem, será cada vez pior para eles”, escreveu em seu perfil do Instagram.

    As fotos mostrando o tratamento aos presos gerou críticas. O Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) definiu a cena como “espetáculo de humilhação” e disse que a metodologia “não dá maior segurança para ninguém”. “A política de endurecimento aplicada é na prática a ampliação do poder do serviço penitenciário, parte fundamental das redes de ilegalidade”, denunciou o organismo.

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