Implosão seria “um bom jeito” de partir, disse mergulhador que morreu no submarino Titan
Um amigo de Paul-Henri Nargeolet tentou convencê-lo a não entrar a bordo do Titan por conta de preocupações com a embarcação não certificada e a abordagem experimental e irresponsável da OceanGate
Mergulhador francês e especialista nos destroços do Titanic, Paul-Henri Nargeolet estava entre os cinco passageiros que morreram após a implosão do submarino Titan durante uma expedição até o naufrágio no mês passado.
Segundo o New York Post, Nargeolet disse, antes de embarcar no submersível da OeanGate, que estava ciente dos riscos da viagem e que considerava uma implosão submarina “um bom jeito” de partir.
Patrick Lahey, presidente do Triton Submarines e amigo pessoal de Nargeolet, falou ao New York Post que avisou o amigo para não mergulhar no submersível Titan, por conta de preocupações com a embarcação não certificada e a abordagem experimental e irresponsável do CEO da OceanGate, Stockton Rush.
“Tive uma conversa com o PH apenas alguns meses atrás”, disse Lahey. “Eu continuei reclamando com ele por ir. Eu disse: ‘PH, por você estar lá, você legitima o que esse cara está fazendo. É um endosso tácito. E, pior do que isso, acho que ele está usando seu envolvimento com o projeto e sua presença no submersível como uma forma de atrair as pessoas para isso’.”
Lahey disse que PH Nargeolet descartou suas preocupações e respondeu que ele era um viúvo de 77 anos, e que se ele morresse durante a expedição “seria um bom jeito. Instantâneo”.
Lahey disse ao New Yorker que o questionou mais uma vez: “Eu disse: ‘OK, então você está pronto para morrer? É isso mesmo, PH?’.”
Ao que o mergulhador teria respondido que não, mas que se ele estivesse lá talvez pudesse ajudá-los a evitar uma tragédia. “Em vez disso, ele se viu bem no centro de uma tragédia. E ele não merecia ir por esse caminho”, disse Lahey.
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Investigação segue conforme dúvidas sobre a segurança do Titan aumentam
A investigação internacional sobre a implosão fatal do submersível Titan foi ampliada no final do mês passado, com a Polícia Real Montada do Canadá (RCMP, em inglês) dizendo que está investigando se “as leis criminais, federais ou provinciais podem ter sido violadas”.
Depois da confirmação da implosão do submarino, a OceanGate Expeditions passou a receber questionamentos sobre seus procedimentos de segurança e relatórios sobre problemas mecânicos, expedições canceladas e um suposto desrespeito aos processos regulatórios começaram a vir à tona.
O especialista em submersíveis Karl Stanley disse, em entrevista ao New York Times, que durante uma expedição a bordo do submarino Titan na costa das Bahamas, em abril de 2019, ele soube que algo estava errado ao ouvir um barulho de estalos, que apenas se intensificou ao longo das duas horas de mergulho.
No dia seguinte, Stanley escreveu um e-mail para Stockton Rush, o CEO da OceanGate – empresa responsável pelo Titan, que implodiu no mês passado, matando os cinco passageiros a bordo, inclusive Rush – pedindo que ele reconsiderasse as expedições planejadas para o Titanic naquele ano.
[cnn_galeria active=”2344620″ id_galeria=”2344617″ title_galeria=”Veja imagens dos destroços do Titanic”/]
Stanley opera um submersível turístico em Honduras há 25 anos, mas sua embarcação desça apenas 600 metros, bem menos que os quase 4 mil metros que o Titan costumava descer.
No e-mail, ele também explica o que acha que produziu os sons. “[Os estalos] soaram como uma falha/defeito em uma área afetada pelas tremendas pressões sendo esmagada/danificada”, escreveu Stanley.
Para ele, o barulho indicava “uma área do casco que estava quebrando”.
*Publicado por Fernanda Pinotti, da CNN