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    Imigrantes de todo o mundo atravessam deserto da Califórnia para chegar aos EUA

    Em abril, cerca de 30% de todas as detenções da Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos com o México ocorreram no setor de San Diego

    Adrees LatifMary Millikenda Reuters , Jacumba Hot Springs, Estados Unidos

    Nos últimos meses, a fronteira entre a cidade americana San Diego e o México se tornou uma das passagens mais movimentadas para imigrantes que buscam refúgio e oportunidades nos Estados Unidos.

    Varias famílias de imigrantes aguardam os agentes da Patrulha de Fronteira depois de fazer o cruzamento entre os países. Algumas delas levaram seus filhos, inclusive bebês, ao longo do trecho remoto do deserto da Califórnia.

    Em maio, os repórteres da Reuters encontraram colombianos, equatorianos, peruanos, turcos, brasileiros, jordanianos, egípcios, indianos e chineses entre os imigrantes – um grupo mais variado do que os mexicanos que formavam a maior parte dos imigrantes nos anos anteriores.

    O alto volume de travessias provocou uma tempestade política para o presidente americano, Joe Biden, à medida que o democrata busca a reeleição em novembro.

    Os republicanos e seu provável candidato à presidência, Donald Trump, criticam a política de imigração de Biden.

    O governo do democrata espera que o número de imigrantes que atravessam o país caia após o anúncio nesta semana de uma ampla proibição de asilo.

    Segundo governo Biden, as altas taxas de detenções na fronteira desencadearam as medidas, que entraram em vigor imediatamente. As novas regras incluem exceções para crianças desacompanhadas, pessoas que enfrentam sérias ameaças médicas ou de segurança e vítimas de tráfico.

    Em abril, cerca de 30% de todas as detenções da Patrulha de Fronteira na fronteira entre os EUA e o México ocorreram no setor de San Diego, segundo dados da Alfândega e Proteção de Fronteiras do país americano.

    Neste ano fiscal que começou em outubro, houve mais de 1,16 milhão de apreensões de imigrantes em toda a fronteira, até agora.

    Os colombianos que aguardam no local dizem que seu país se tornou muito perigoso e que receberam ameaças contra suas vidas.

    “Houve ameaças contra mim”, disse Edward, um professor de 35 anos que pediu que apenas seu primeiro nome fosse divulgado.

    “Onde morávamos, havia muita insegurança. E, infelizmente, a partir de fevereiro, começaram a nos ameaçar e decidimos vir para cá”, acrescentou.

    O homem fez a travessia com a esposa Luisa e a filha de 11 meses. O casal espera chegar a Nova York.

    Descendo a cerca, grupos de imigrantes viajam para uma área montanhosa e coberta de pedras, onde há uma ruptura na cerca da fronteira. Eles contornam a cerca e se dirigem para áreas onde serão apanhados pela Patrulha de Fronteira.

    Kali Kai Braun, de 49 anos, gerente de propriedade de um campo de tiro que fica bem próximo à fronteira com os EUA, disse que grandes grupos começaram a chegar no meio da noite.

    Recentemente, o homem testemunhou um grupo de 70 a 100 imigrantes atravessando à 1h da manhã e ficou acordado para garantir que eles não entrassem na propriedade.

    Normalmente, Braun vê uma média de 30 a 40 imigrantes por dia, a maioria atravessando pela manhã.

    Imigrantes esperar no calor, sem abrigo e sombra

    A maioria dos imigrantes caminha para locais ao ar livre e, à tarde, eles são enfileirados e um agente da Patrulha de Fronteira tira fotos de seus documentos e rostos e os coloca em ônibus para levá-los a um centro de processamento.

    A moradora local Karen Parker, de 61 anos, leva água, lanches e suprimentos médicos para os imigrantes que estão esperando.

    Parker foi estimulada a ajudá-los quando uma mulher imigrante gritou em frente à sua casa, há um ano, porque havia perdido seus filhos.

    “Então fui procurar os filhos dela e encontrei 1.000 pessoas de todo o mundo”, disse a mulher.

    Parker contou que, no inverno e no verão passados, os imigrantes ficavam esperando na cerca da fronteira por períodos mais longos.

    Jacumba Hot Springs, no sudeste de San Diego, há muito tempo é um local de chegada de imigrantes, mas os residentes testemunham o que Parker chama de “centenas de pessoas traumatizadas todos os dias”.

    “Gostaria de ver nosso governo, a Patrulha de Fronteira, assumir alguma responsabilidade e melhorar as condições desse acampamento, a segurança das crianças e das famílias que estão aqui nessa área”, afirmou a moradora local.

    Parker acrescenta que deseja que as operações de transporte buscassem as crianças mais rapidamente, para que elas não tivessem que esperar no calor, sem abrigo e sombra.

    Em 3 de abril, um juiz federal ordenou que os agentes de fronteira dos EUA “processassem rapidamente” todas as crianças que saíssem dos locais de detenção “a céu aberto”.

    A decisão foi tomada no âmbito de um acordo de longa duração, exigido pelo tribunal, sobre o tratamento de crianças imigrantes sob custódia federal, conhecido como acordo Flores.

    A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA não respondeu a um pedido de comentário.

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