Húngaros protestam contra repressão dos direitos LGBTQI+ do governo Orbán
O primeiro-ministro nacionalista linha-dura tem se tornado cada vez mais radical em sua política social, criticando os imigrantes e a comunidade LGBTQI+


Milhares de húngaros protestaram em frente ao parlamento em Budapeste na segunda-feira (15) contra a legislação que proibiria discussões sobre homossexualidade ou mudança de gênero nas escolas enquanto o primeiro-ministro Viktor Orbán se prepara para as eleições de 2022.
Os manifestantes levavam a bandeira arco-íris, alguns visivelmente agitados.
“Isso é horrível e desumano”, disse a assistente de jardim de infância Dominika Pandzsa. “Eles estão tentando privar as pessoas de todos os seus direitos. Isso trancaria algumas crianças no armário e elas deveriam ter a oportunidade de se expor.”
O nacionalista linha-dura Orbán tem se tornado cada vez mais radical em sua política social, criticando os imigrantes e a comunidade LGBTQI+ em seu regime autodenominado iliberal, que dividiu profundamente a nação da Europa Central.
O segundo protesto neste mês, após um hiato de mais de um ano devido ao coronavírus, mostrou que Orban não está sem oposição, com seis partidos se unindo para derrubá-lo no próximo ano.
O governo de Orban redefiniu o casamento na constituição como a união entre um homem e uma mulher e limitou a adoção de homossexuais. Também proibiu o status legal de pessoas trans.
O partido no poder, Fidesz, aderiu a uma proposta de proibição de palestras escolares sobre questões LGBTQI+, como mudança de gênero, em uma lei separada amplamente respaldada que penaliza estritamente a pedofilia, tornando difícil para os oponentes votarem contra.
“Algumas organizações usam essas oficinas para influenciar o desenvolvimento sexual de crianças com os chamados programas de sensibilização como parte de campanhas antidiscriminação, que podem prejudicar gravemente seu desenvolvimento físico, mental e moral”, disseram legisladores do partido no poder na emenda.
Grupos de direitos humanos compararam a mudança à lei russa de 2013 que proíbe a “propaganda” sobre relações sexuais não tradicionais.
O grupo de direitos LGBTQI+ Hatter disse em uma carta aberta no fim de semana que os parlamentares não deveriam votar a favor do projeto na terça-feira (15), observando que as Nações Unidas pediram à Hungria que mitigasse a discriminação contra crianças LGBTQI+.
Uma petição online que declarava: “É terrível que os políticos sacrificarem as vidas das crianças apenas para governar o discurso público” reuniu mais de 83.000 assinaturas na segunda-feira.
O partido de oposição Momentum pediu um boicote à votação do parlamento, dizendo que a lei colocaria em perigo a comunidade LGBTQI+.
“O modelo russo nos dá uma imagem clara do efeito que esse ódio tem sobre a sociedade”, disse o presidente do Momentum, Andras Fekete-Gyor, em um comunicado. “A violência contra a comunidade LGBTQI+ é comum lá, por parte de autoridades e compatriotas.”