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    Hotel de luxo na Índia se transforma em centro de saúde para juízes com Covid-19

    O alto escalão do Judiciário terá 100 quartos reservados; medida é vista como 'discriminação aberta' em meio à uma explosiva segunda onda que atinge o país

    Reuters

    Autoridades em Nova Delhi ordenaram que um hotel de luxo fosse convertido em um centro de saúde para tratamento da Covid-19 de uso exclusivo de juízes do tribunal superior e suas famílias, causando indignação em uma cidade que não tem leitos hospitalares e está economizando oxigênio hospitalar. 

    O governo local disse, em nota emitida na noite desta segunda-feira (27), que havia recebido um pedido do Supremo Tribunal de Delhi devido ao rápido aumento das infecções por coronavírus e que havia reservado 100 quartos no Hotel Ashoka para o alto escalão do judiciário.

    Um importante hospital da cidade administrará as instalações, disse Jaiveer Shergill, advogado e porta-voz do principal partido da oposição no Congresso. Segundo ele, a decisão do governo foi contra o direito à igualdade consagrado na Constituição do país e que o próprio tribunal deve rejeitar o tratamento especial.

    “Por causa da justiça, integridade e fé no sistema judicial, a Suprema Corte de Delhi deve anular a ordem”, disse ele. Não houve resposta do Tribunal Superior de Delhi ou do governo do estado de Delhi.

    A capital indiana é uma das cidades mais afetadas na explosiva segunda onda de contaminações e mortes por Covid-19 do país, com cada três pessoas testadas para o vírus com resultados positivos.

    Os hospitais estão recusando pacientes porque não têm leitos ou oxigênio para mantê-los vivos. A cidade registra em média uma morte a cada quatro minutos. Os juízes não foram listados como trabalhadores da linha de frente e a maioria dos tribunais está operando virtualmente.

    “O tribunal superior de Delhi faria bem em recusar a oferta do Ashoka Hotel, ou cancelá-la, se eles próprios o ordenaram”, disse Aakar Patel, um comentarista político e ex-chefe da Anistia Internacional da Índia. “Não podemos permitir a prática de discriminação aberta por parte dos encarregados de preveni-la.”

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    Foto: Mayank Makhija – 26.abr.2021/NurPhoto via Getty Images

    Uma fonte do governo disse que os quartos sempre foram reservados para figuras públicas importantes, incluindo juízes, no principal Instituto de Ciências Médicas da Índia, administrado pelo estado de Delhi, e reservar um hotel era um caso de pânico e exagero.

    Outros zombaram da escolha do hotel Ashoka para cuidar dos juízes e sugeriram que considerassem hotéis mais opulentos na capital.

    (Reportagem de Sanjeev Miglani; Edição de Giles Elgood)

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