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    Homem que passou 3 décadas na prisão por crime que não cometeu será liberado nos EUA

    Joaquin Ciria, de 61 anos, foi absolvido na segunda-feira (18), exatamente 32 anos da data da prisão

    Alisha Ebrahimjida CNN

    Joaquin Ciria passou mais da metade da vida atrás das grades pelo assassinato de seu amigo em São Francisco, nos Estados Unidos, um crime que ele sempre afirmou que não cometeu.

    Ciria foi absolvido na segunda-feira (18), exatamente 32 anos da data da prisão, após uma extensa revisão e investigação da Comissão de Inocência da Promotoria de São Francisco, disse o promotor Chesa Boudin em um comunicado.

    O homem de 61 anos foi condenado por assassinato em 1991 pela morte a tiros de Felix Bastarrica. Não havia evidências físicas ligando Ciria ao crime, mas os inspetores da polícia de São Francisco focaram nele “com base em rumores na rua e declarações do motorista da fuga, George Varela”, segundo o promotor.

    Bastarrica foi morto por um conhecido em comum de Varela e Ciria, disse o Projeto de Inocência do Norte da Califórnia em um comunicado à imprensa.

    Em troca de imunidade completa, Varela testemunhou que levou Ciria para a cena do crime, mas estava sob extrema pressão da polícia para identificar Ciria na época, apesar de Ciria ter duas testemunhas de álibi que nunca foram ouvidas no julgamento, disse o promotor.

    “É muito difícil, sabe? Ver seu filho, eles tirando seu filho. É triste ver seu filho crescendo sozinho”, disse a mãe de Ciria, Yojana Paiz, à afiliada da CNN KPIX. “Mas, finalmente, estamos aqui. Estamos no fim agora. Ele vai sair. O que quer que Deus tenha para nós, temos que aceitar”.

    Desde o início da prisão de Ciria, Yojana disse que manteve contato com o filho por meio de visitas regulares e telefonemas.

    A advogada de Ciria, Ellen Eggers e a advogada do Projeto de Inocência do Norte da Califórnia, Paige Kaneb, levaram seu caso à Comissão de Inocência da promotoria para revisão e, após uma investigação de quatro meses, Boudin tomou sua decisão de absolver Ciria.

    Novas evidências fornecidas pela equipe jurídica de Ciria mostraram que ele foi condenado com base em falso testemunho pelo crime de outro homem, disse o promotor público. O caso de Ciria foi o primeiro analisado pela Comissão de Inocência desde sua formação em 2020.

    Memórias roubadas

    “Promover a justiça em nosso sistema legal exige que não apenas avancemos, mas também olhemos para trás”, disse Boudin. “Condenações injustas causam círculos concêntricos de dano: aos condenados injustamente, às vítimas de crimes que foram contadas uma história falsa e retraumatizadas, aos jurados que involuntariamente participaram da injustiça e à integridade do sistema como um todo. Quando alguém foi condenado injustamente, cabe aos promotores corrigir essa injustiça”.

    Ciria está atualmente na prisão do condado de São Francisco depois de ser transportado da prisão de Folsom na semana passada, disse Ellen à CNN e espera-se que seja libertado dentro de uma semana.

    De acordo com a lei estadual da Califórnia, Ciria tem direito a uma compensação financeira, a uma taxa de US$ 140 por dia (cerca de R$ 430) pelos 32 anos que passou na prisão, o que equivale a pouco mais de US$ 1,6 milhão, de acordo com o Conselho de Compensação de Vítimas da Califórnia.

    “Como resultado dessa condenação injusta, o Estado roubou 32 aniversários, 32 natais, 32 anos em que ele não pôde estar com seu filho em todos os momentos especiais”, disse Paige em comunicado. “No entanto, Joaquin manteve seu grande coração e sorriso fácil e está cheio de alegria enquanto espera começar sua vida novamente”.

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